Estudantes brasileiros são agredidos e acusam homem de xenofobia na Argentina
Paulo Augusto de Souza e Diego Campos Batista, nascidos em Unaí (MG), contam que saíam de uma barbearia quando foram abordados pelo homem, que ofereceu alguns produtos.
“Eu falei com ele, olha, a gente não tem como te ajudar e boa sorte. Acho que pelo sotaque, ele percebeu que nós éramos brasileiros e começou a insultar a gente, falar que nós éramos brasileiros de merda e nós não deveríamos estar nesse país e que ninguém queria a nossa presença aqui e continuou andando atrás em direção a gente”, falou Paulo Augusto.
Assustados com o comportamento do vendedor de meias, eles saíram da barbearia onde estavam e entraram em um supermercado. Pelas imagens das câmeras é possível que Paulo e Diego, de casaco e mochila, conversaram com uma atendente. Pouco tempo depois, o agressor entrou no local com um objeto e agrediu Diego. Paulo interveio e também foi agredido
“A gente entrou no primeiro supermercado que tinha ali na rua. A gente não conhecia ninguém que estava lá, mas aqui na Argentina é muito comum ter pelo menos alguém de segurança nos supermercados, mas, para nossa infelicidade, nesse não tinha. Ele viu que a gente estava entrando, não sei como, ele encontrou um pedaço de cabo de rodo desses que estava jogado na rua e veio para cima da gente novamente”, fala Diego.
As agressões físicas que começaram dentro do supermercado continuaram na parte externa do estabelecimento. Após ser ferido, Paulo voltou com o namorado para o comércio.
As imagens das câmeras mostram que o agressor também retornou ao local e tentou agredi-los novamente. Em seguida, ele foi levado para fora da lanchonete, mas voltou. É possível ver ainda que houve uma briga entre ele e um funcionário do local. Depois disso, o homem fugiu.
“Eu com sangue, ele continuava lá, ele continuava xingando a gente, ele continuava falando que queria matar a gente simplesmente pelo fato da gente não termos comprado a meia dele”, relatou Paulo.
Após a agressão, os dois foram levados para um hospital da cidade, e Paulo precisou levar oito pontos na testa.
Para as vítimas, as agressões foram motivadas por xenofobia, que é a manifestação de ódio contra pessoas estrangeiras. A polícia argentina registrou o caso como agressão.
“A gente não pode se calar pra isso. A gente não tem que tolerar esse tipo de coisa, esse tipo de tratamento. Nós somos seres humanos e nós merecemos o mínimo de respeito”, disse Paulo.
Preocupadas, as famílias dos estudantes pedem providências.
“Tá aqui todo mundo assustado, o que que faz com uma situação dessa? Sai da cidade do interior, daqui de Unaí, pra tentar buscar um sonho lá fora. Infelizmente acontece essas coisas”, lamentou Joselma Pereira Medeiros, tia de Paulo.
“Foi desesperador, que essa pessoa seja identificada, que eles possam de alguma forma serem protegidos, não só eles, mas outras pessoas”, completou a mãe de Diego, Mary Campos Gomes.
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que permanece à disposição dos brasileiros para prestar assistência e intermediar contatos com as autoridades argentinas, a quem compete a investigação das denúncias de casos de xenofobia.