Atletas atraídos com falsas promessas para jogar em clube de futebol alagoano deixam AL

 

Os nove atletas – jovens e adolescentes – que chegaram a Alagoas com o desejo de fazer parte de um clube alagoano decidiram voltar, nessa quinta-feira (25), aos seus estados de origem ao perceberem que tudo não passou de falsas promessas. O caso foi parar na delegacia após o Conselho Tutelar de Penedo, cidade onde eles estavam há cerca de um mês, flagrar o grupo vivendo em condições insalubres.

De acordo com o delegado de Penedo, Rômulo Andrade, quatro adolescentes com idades entre 16 e 17 anos e mais cinco jovens maiores de idade foram aliciados por um homem de São Paulo que se apresentou como empresário. Os atletas são do Pará, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo.

Segundo a autoridade policial, esse homem prometeu que os traria para Alagoas e conseguiria vagas para eles ingressarem no Penedense e que os rapazes participariam de um campeonato na cidade. No entanto, ao chegar em Penedo, os atletas ficaram alojados em situação precária.

A conselheira tutelar da cidade Gilvania Fagundes detalhou que os jovens estavam sob a responsabilidade de uma mulher de 23 anos, que foi identificada como filha do empresário responsável por atraí-los.

Ainda de acordo com Fagundes, os pais sabiam que eles estavam no município, pois assinaram um termo de autorização. No entanto, não tinham conhecimento que estavam vivendo nessas condições.

“O local era totalmente insalubre, sem cadeiras para sentar, os jovens dormiam em colchões, a casa estava muito suja, sem geladeira, nem TV. Era um ambiente extremamente desconfortável para eles”, relatou a conselheira tutelar da cidade Gilvania Fagundes.

Diante da situação, todos foram levados para a delegacia, inclusive o empresário.

Rômulo Andrade afirma que o homem ainda tentou contornar a situação, afirmando que viajava com os jovens para serem submetidos a testes em clubes de futebol.

“Esse homem disse que iria colocá-los para jogar no Penedense. Que eles fossem para Penedo, que ia ter um campeonato e prometeu que ira conseguir uma vaga para os meninos do Penedense. Mas esse homem não é ligado ao Penedense”, explica a autoridade policial.

O próprio presidente do Penedense, Aérton Reis, compareceu à delegacia e esclareceu que os jovens e os adolescentes foram vítimas de informação falsa.

“O falso empresário começou a inventar outras histórias, que ia tentar um teste e o presidente do Pendense estava do lado, e disse que não tinha nenhum vínculo com o penedense e não tinha nem esse campeonato que ele estava falando”, disse Rômulo Andrade.

Aérton Reis repudiou a atitudes de empresários que não são ligados ao clube e que ficam fazendo promessas de inserção dos atletas no time.

“Nosso clube nunca fechou contrato com empresários para trazer jogadores para nossa cidade. É trágica essa situação de acreditar em empresários que só visam o dinheiro e não têm escrúpulos em relação às condições em que colocam os atletas”, afirmou o representante do clube.

Na delegacia, Rômulo Andrade disse que os jovens não quiseram detalhar o que aconteceu, mas acabaram entendendo terem sido vítimas de falsas promessas.

A autoridade policial afirma que explicou para os atletas que há, de fato, um campeonato do Penedense, mas que é realizado somente em agosto para selecionar jogadores e completar o time que vai disputar o campeonato em setembro. Explicou ainda que o campeonato é promovido diretamente pelo Clube, sem nenhum tipo de compromisso.

“Foi feito um ajustamento de conduta para, ou mandá-los para um alojamento apropriado, pousada ou casa mobiliada, ou eles teriam que regressar para o estado de origem. Então eles decidiram retornar até segunda-feira (29). Porém, diante da repercussão, eles foram embora quinta-feira, 25, à tarde, para os estados de origem”, expõe o delegado Rômulo Andrade.

Ninguém foi autuado ou preso e não foi aberta investigação porque a polícia não identificou ilícito penal, já que os atletas saíram dos seus estados com autorização dos pais. O delegado disse ainda que não foi identificada nenhuma exploração comercial ou de trabalho.

“Os meninos não falavam muita coisa porque, para eles, aquele cara de São Paulo estava dando uma oportunidade a eles, então não queriam prejudicar o tal do empresário, que trouxe eles para Alagoas. A gente não conseguiu identificar nenhum tipo de exploração dos meninos, nem econômica, nem de trabalho. Mas jogou uma luz para o problema desses meninos que saem de casa, abandonam as escolas para tentar a vida pelo interior do Brasil no futebol, longe das famílias, com pessoas que não conhecem, em condições muito ruins”, finaliza a autoridade policial.

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