Chacina em motel de Maribondo pode ter ligação com o tráfico de drogas

 

Dois dias após a chacina que vitimou quatro homens em Maribondo, no Agreste de Alagoas, o clima na cidade, nessa segunda-feira (22), não parecia ser de tristeza, mas de alívio, embora também de medo. Um dos mortos, Lucas Toledo dos Santos, de 23 anos, era apontado pela polícia como líder do tráfico de drogas na cidade, informação facilmente referendada por qualquer pessoa nas ruas. A relação da chacina com a disputa pelo tráfico na cidade é justamente uma das linhas de investigação da polícia.

Além de Lucas, morreram Claudionor Antônio dos Santos, de 45 anos, José Márcio dos Santos, de 28 anos, e José Wanderson da Silva, de 27 anos. Os quatro foram mortos dentro de um motel na noite de sexta-feira (19). Dois homens chegaram no motel e se identificaram como policiais federais, renderam o dono e mandaram que ele os levasse até o quarto onde estava o proprietário do carro de cor branca estacionado no estabelecimento.

Após o empresário indicar o quarto, os criminosos mandaram que as vítimas abrissem a porta e que todos se deitassem no chão. Após isso, os homens foram executados com tiros na cabeça. Os assassinos fugiram sem deixar rastro. O dono do motel não soube especificar em que carro os bandidos chegaram, nem quantos eram no total. Os criminosos estavam encapuzados e com roupas semelhantes a do Exército Nacional.

O assassinato de um filho não é novidade para Maria Betânia Novais Toledo, de 59 anos. Ela conta que há sete anos perdeu outro assassinado, que se chamava Jeferson e tinha 28 anos. “A gente não espera que uma mãe enterre os filhos, ainda mais dois”, desabafa. Betânia diz que o filho passava o dia em casa e que a tratava bem, mas que tinha um costume de alertá-la sobre a possibilidade dele morrer. “Ele dizia que eu ficasse preparada, que não se pode confiar em ninguém e que não ia virar lajeiro”, revela. A mãe conta que não estava preparada.

O pai de Lucas, Juvenal Rufino dos Santos, de 67 anos, conta que não tem conhecimento sobre o envolvimento do filho com a criminalidade. Disse que o veículo Audi A4 que estava com Lucas no motel era dele, comprado com economias e dois empréstimos. “Comprei na feira em Arapiraca”, frisou.

Tanto o carro de luxo quanto a dita posição de liderança no tráfico atribuída a Lucas contrastam com a casa simples onde ele morava com o pai e a mãe no bairro Planalto, parte alta de Maribondo. Dona Betânia conta que o filho dormia em um colchão no chão da sala que era colocado por trás do sofá e lembra: “ainda dormia chupando o dedo”, comenta a mãe, acrescentando que, após a chacina, sente muito medo e pensa em mudar de cidade.

A inocência de Lucas relatada pela família, entretanto, não é o que se ouve nas ruas. Há quem diga que ele era o “terror” da cidade. Um das situações comumente levantadas pelos moradores a respeito do jovem é o assassinato de uma mulher de 23 anos no dia 19 de junho. Dias antes de morrer, ela teria dito na rua que iria denunciar o tráfico na região.

As investigações policiais acerca da chacina começaram no sábado mesmo, quando o delegado-geral Gustavo Xavier esteve no local e designou uma comissão de delegados para a apuração. A presidência do inquérito é do diretor da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), Igor Diego, que terá a ajuda do chefe da Diretoria de Inteligência Policial (Dinpol), Thales Araújo. Igor Diego contou que algumas pessoas já foram ouvidas.

Câmeras de segurança espalhadas pela cidade serão analisadas, bem como o celular da vítima. Um dos objetivos iniciais da investigação é saber quantas pessoas estão envolvidas no crime.

 

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