Justiça autoriza internações involuntárias de dependentes
Pelo menos 200 pessoas estão com o nome na lista, aguardando internamento para algum familiar usuário de substâncias psicoativas. Os pacientes estão na expectativa de terem seus casos analisados pelos profissionais de saúde para saber quais medidas precisam ser tomadas para garantir seus respectivos tratamentos, inclusive, se precisam ou não de internações em clínicas especializadas.
A representante da Associação de Suporte às Famílias de Adictos em Alagoas, Shirlenia de Carvalho Teixeira, atua como uma espécie de porta-voz dessas famílias.
Ela própria uma dependente química em recuperação há 12 anos. “Eu também passei por um processo de internação compulsória e involuntária e perdi um filho há sete meses pela dificuldade de internação”, desabafou.
As internações involuntárias em clínicas particulares de usuários atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) voltaram a ser possíveis, graças a uma determinação do Tribunal de Justiça. As internações estavam suspensas desde maio, por recomendação da Defensoria Pública do Estado, depois que um usuário, o paciente Cledson Ney da Conceição Lima, 21 anos, faleceu, em decorrência de traumatismo craniano depois de ter sido agredido por outros quatro usuários em uma clínica em Fernão Velho.
O gerente da Clínica Hospitalar Villa Serenidade, Paulo Vinicius Pereira Santos, afirmou que apesar da determinação pela volta das internações, as providências estão acontecendo a passos lentos, devido à falta de profissionais capacitados a atestar a internação.
“Apesar da decisão ter saído na última sexta o fluxo das internações continua lento e quase nenhum usuário foi encaminhado, devido à falta de recursos humanos”, detalhou.
Segundo Paulo Vinícius, atualmente, os usuários de substâncias psicoativas possuem acesso ao tratamento voluntário no CAPS AD Everaldo Moreira, localizado no Farol.
CAPS AD é um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas, serviço especializado em saúde mental e dependência química que atende pessoas com problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e/ou outras drogas, visando a reabilitação e reinserção na sociedade.
“Quando o tratamento ambulatorial não surte efeito e o paciente continua em uso abusivo de álcool ou outras drogas, colocando em risco sua vida e a de terceiros, esse usuário é encaminhado para internamento involuntário. Essa triagem é realizada por uma comissão de avaliação e tratamento que fica locada dentro do CAPS AD, atualmente essa comissão encontra-se sem médico pois a Secretaria de Estado da Saúde retirou os médicos do programa.