Chacina em Arapiraca: escultor vira réu e dois acusados são soltos pela Justiça

 

O juiz Alberto de Almeida, da 5ª Vara Criminal de Arapiraca, recebeu, nesta quarta-feira (10), denúncia do Ministério Público de Alagoas (MP/AL) contra o escultor Regivaldo da Silva Santana e o tornou réu pela chacina ocorrida em seu sítio, na cidade de Arapiraca, no dia 13 de abril deste ano, onde quatro jovens foram mortos e tiveram seus corpos jogados em um poço.

O magistrado também aceitou denúncia e tornou réus os acusados Wesley Santana de Sá e Adriano Santos Lima pelo crime de ocultação de cadáver. Para os dois, Alberto de Almeida concedeu liberdade provisória.

Wesley é sobrinho de Regivaldo e trabalhava com Adriano no ateliê do tio. Os dois se disseram coagidos pelo escultor para jogar os corpos no poço.

As vítimas da chacina foram identificadas como Letícia da Silva Santos, de 20 anos (irmã de Lucas), Lucas da Silva Santos, de 15 anos (irmão de Letícia), Joselene de Souza Santos, de 17 anos (namorava Lucas) e Erick Juan de Lima Silva, de 20 anos (namorava Letícia).

Ao aceitar a denúncia, o juiz declarou que estão presentes os pressupostos indiciários de autoria e materialidade exigidos para o recebimento da denúncia, consolidados nos elementos de convicção compreendidos nos autos do Auto de Prisão em Flagrante.

Para conceder liberdade a Wesley e Adriano, o juiz destacou que a prisão preventiva é uma medida extrema e que só deve ser aplicada ante a demonstrada insuficiência ou inadequação das medidas cautelares diversas. Ele ressaltou ainda que os acusados não possuem outros processos criminais, bem como não há nos autos notícias de que tenha tentado coagir ou pressionar testemunhas.

O CRIME

O escultor foi preso no dia 19 de abril, no mesmo dia em que os corpos foram encontrados. No dia seguinte, a polícia prendeu em Sergipe mais dois suspeitos, Wesley Santana Sá e Adriano Santos Lima, por participação no crime. Estes dois últimos foram indiciados ocultação de cadáver.

As vítimas foram mortas no dia 13, mas a polícia só descobriu o crime quase uma semana depois, após a mãe de dois jovens, irmãos, denunciar o desaparecimento deles. Os corpos foram encontrados na propriedade do empresário, além de 10 armas de fogo, uma jiboia e uma cobra píton (espécie exótica originária da Ásia).

Segundo a polícia, com base nas provas colhidas, a alegação de legítima defesa dada pelo empresário Regivaldo da Silva Santana, conhecido como Giba, não é verdadeira.

“As vítimas foram executadas friamente. Primeiro foi o Lucas, em seguida Eryk e depois as duas jovens”, disse o delegado Everton Gonçalves.

O delegado disse ainda que, de acordo com câmeras de videomonitoramento, Letícia e Joselene saíram com o empresário e o acompanharam até uma agência bancária e, na volta, passaram em uma pizzaria.

“Quando ele chegou em casa, Lucas e Eryk foram tirar satisfação porque as jovens tinham saído com o empresário. Os dois homens que ajudaram Giba a se livrar dos corpos disseram que ele estava bastante alterado e gritando e que as vítimas foram executadas”, disse o delegado.

A polícia aguarda o laudo da perícia de comparação balística entre as armas do empresário e os projéteis encontrados nos corpos das vítimas. Assim que forem concluídos, serão entregues à Justiça.

Durante depoimento à polícia, o sobrinho de Giba e o outro jovem preso contaram que foram obrigados pelo escultor a ocultar os cadáveres das vítimas, assassinadas com tiros na cabeça. “A polícia não acredita nessa versão, eles não foram coagidos e que ocultaram os cadáveres por vontade própria”, disse o delegado.

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