Igor Rickli e Aline Wirley falam sobre bissexualidade: “É sobre o direito de existir”

Aline Wirley e Igor Rickli estão em um relacionamento há 14 anos. Em entrevista, eles falaram sobre a decisão de falar publicamente sobre a bissexualidade e o relacionamento aberto que compartilham, além de refletirem sobre traumas vividos no passado.

O relacionamento aberto só foi revelado em janeiro do ano passado, mas já era algo que o casal desejava compartilhar com o público há algum tempo. “Como formadores de opinião, vimos a necessidade de trazer luz sobre o assunto. Não quisemos militar ou ‘lacrar’. Não é sobre isso, é sobre o direito de existir, a liberdade, o espaço e o respeito”, disse Igor à revista Quem.

Para Aline, não foi fácil falar sobre sua sexualidade e seu casamento publicamente. “Eu estava dentro do BBB23, olha que loucura, e quando eu saí, eu vi tudo acontecendo. Mas foi um processo da nossa alma falando: ‘Não quero mais ter que mentir, nós somos isso’. Funciona para a gente. Não queremos impor a nossa relação para ninguém, só mostramos que dá certo e que a gente é muito feliz”.

Igor encontrou apoio em Aline, que foi essencial para compreender sua bissexualidade. “A Aline sempre foi uma mulher muito sensível e muito inteligente emocionalmente. Quando a gente se conheceu, ela viu o quanto era doído para mim o lance da bissexualidade, de ter que me comportar como um galã. Era uma cobrança. Ela percebeu isso e foi muito cuidadosa comigo”, contou à Quem.

Traumas

“Fui um menino que veio do interior do Paraná, que foi chamado de viadinho em alguns momentos da infância, então eu criei vários mecanismos de defesa. Ela teve muita sensibilidade comigo e eu também tive em olhar o histórico dela”, completou.

Aline contou que testemunhou a solidão enfrentada pelas mulheres de sua família e expressou gratidão por ter Igor como seu parceiro.

“Sou uma mulher preta. Eu vejo e vi acontecer na minha família a solidão da mulher preta. A gente está junto há 14 anos, sou uma mulher preta que sou muito amada dentro dessa relação. A gente tem trocas, a gente é parceiro, a gente dá risada junto, é nesse lugar que a gente acredita no amor. É mais do que um relacionamento de posse. Ele realmente quer me fazer feliz. E a gente, na nossa individualidade, se fortalece como parceiro”, disse à revista Quem.

Igor revelou também que foi vítima de abuso sexual na infância. Apesar de ser uma vítima, ele enfrentou sentimentos de culpa.

“Eu achava que tinha alguma coisa errada ou que tinha feito algo errado e é muito louco como a gente vai disparando gatilhos. Depois você vai crescendo e vai se sentindo culpado por isso. Durante muito tempo, eu me senti muito culpado, doía, me reprimi muito e tinha uma dificuldade muito grande de confiar nas pessoas e me permitir, mas tinha atração, era um grande caos”, finalizou.

 

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