Esquema do ‘Tigrinho’ descoberto pela polícia de AL Fantástico traz matéria exclusiva

 

O Programa Fantástico desse domingo (23) trouxe uma matéria exclusiva sobre o esquema do ‘Jogo do Tigrinho’, descoberto pela Polícia de Alagoas. Na última semana, a Polícia Civil do Estado deflagrou a Operação “Game Over”, na qual 12 pessoas foram alvo e 40 estão sendo investigadas, resultando também na apreensão de bens e bloqueios.

A reportagem do Fantástico mostra que influenciadores fazem propagandas fraudulentas do jogo clandestino nas redes sociais, como a blogueira alagoana Paulinha Ferreira. Ela sempre ganhava e mostrava isso aos seguidores, mas a polícia descobriu a fraude. A matéria também conta a história da assistente social Maria das Graças, vítima do jogo, que perdeu aproximadamente R$ 200 mil. Ela mora em Maceió, capital de Alagoas.

A Delegacia de Estelionatos de Maceió teve acesso a uma conta demo, normalmente usada por influenciadores para mostrar como é fácil ganhar nesse jogo. Ao usá-la, o usuário rapidamente ganha R$ 500 ou mais. É através desse recurso que os influenciadores ganham e comemoram nas redes sociais. Quem vê se sente motivado, mas quando joga de fato, nada disso acontece.

“Eles influenciaram muitas pessoas com essa informação falsa, sem informar que se tratava de uma conta apenas de demonstração”, afirmou Eduardo Mero, delegado-geral adjunto da Polícia Civil de Alagoas.

Durante a investigação, a polícia encontrou conversas de tratativas entre influenciadores, agenciadores e as plataformas. Também foram obtidas planilhas onde eles demonstram materialmente como se dava esse acerto.

Pessoas que até recentemente não possuíam patrimônio, de repente se tornaram milionárias, tudo isso com recursos provenientes desse jogo, afirmou o delegado-geral.

Paulinha Ferreira, por exemplo, ostentava carros importados e afirmava que tudo tinha sido comprado com o dinheiro ganhado no jogo. Nesta semana, vários desses veículos foram apreendidos.

Para o delegado de estelionatos de Maceió, Paulinha faz parte de uma organização criminosa junto com outros 11 influenciadores e agentes. Um deles é o marido dela, Ygor Ferreira.

Os advogados dos influenciadores afirmam que não há nos autos da investigação comprovação da prática de qualquer conduta criminosa e que eles não podem ser responsabilizados por eventuais problemas que os jogadores tenham enfrentado com as plataformas.

“Quando me vi, já estava endividada. A única saída para mim naquele momento era me desfazer do meu sonho, da minha loja”, lamentou Maria das Graças, que perdeu a quantia em apostas.

Ela não foi a única, segundo a polícia de Maceió. Empresários da cidade perceberam que os funcionários estavam passando tempo demais no celular e o rendimento no trabalho começou a cair.

Em São Paulo, 60 pessoas procuraram a polícia por causa do jogo do tigrinho clandestino. Foram elaborados mais de 500 boletins de ocorrência sobre esse tipo de contravenção penal, de acordo com o delegado da 3ª Delegacia de Investigações Gerais.

No Estado, cerca de setenta perfis de influenciadores foram bloqueados. Em Maceió, todos os investigados também não têm mais acesso às redes sociais.

Além da divulgação por meio de influenciadores, convites para o ‘Jogo do Tigrinho’ chegam pelo WhatsApp e redes sociais, geralmente de perfis falsos.

Os ‘Jogos do Tigrinho’ estão hospedados em plataformas clandestinas, não são auditáveis e não seguem regra alguma. Isso difere das plataformas legalizadas de apostas, conhecidas como ‘bets’.

Algumas casas de apostas também oferecem o jogo. Estas, porém, têm operação sujeita a regras estabelecidas em duas leis:

Lei 13.756/2018: Regulamentou as apostas esportivas.

Lei 14.790/2024: Ampliou o alcance da legislação, exigindo que as empresas tenham endereço no Brasil, definindo a tributação e incluindo os jogos online. Esta lei está em período de transição, incluindo um processo regulatório conduzido pelo Ministério da Fazenda que termina no final deste ano e estabelecerá critérios técnicos e jurídicos para a liberação dos jogos online.

Em nota, a Associação Nacional de Jogos e Loterias afirma que as casas de apostas sérias que operam no Brasil estão se submetendo ao processo de regulamentação do mercado, ainda em curso, e têm implementado medidas para prevenir vício entre apostadores, conscientizando que os jogos são para entretenimento, não para enriquecimento.

A associação declarou também que, em relação a eventuais crimes cometidos por influenciadores que divulgam o ‘Jogo do Tigrinho’, as leis possuem regras claras de publicidade responsável. A nota também diz que o ‘Jogo do Tigrinho’ está numa categoria que pode ser operada por sites de apostas, desde que cumpridos alguns requisitos legais, como informar previamente ao jogador o fator de multiplicação do prêmio em caso de ganho na aposta.

O Ministério da Fazenda afirmou em nota que, após estabelecidos critérios técnicos e jurídicos, os jogos deverão ser submetidos à certificação realizada por entidades habilitadas. Jogos que não passarem por essa certificação não poderão ser considerados legais. O ministério disse que o período de transição termina no final de 2024 e, a partir de 1º de janeiro de 2025, começará o mercado regulado, quando os sites legais poderão oferecer apenas jogos online certificados, auditáveis e sem manipulações que prejudiquem o apostador.

 

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