“Paulão enfraquece o partido”, afirma Ronaldo Medeiros do PT

A entrevista do deputado federal Paulão (PT) ao CMCast, podcast do Cada Minuto, provocou uma crise inesperada entre o petista e o governo de Paulo Dantas (MDB). E foi além, aprofundando uma disputa interna com o grupo do deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT).

O episódio, em que Paulão conversa com os jornalistas Ricardo Mota e Carlos Melo, foi exibido na terça-feira (18/06). Entre as declarações que causaram maior repercussão, estão revelações de bastidores, com o deputado relatando conversas com secretários de Estado, senador Renan Calheiros e com o deputado estadual Ronaldo Medeiros.

Medeiros e Paulão estão no mesmo partido, mas em grupos (tendências) diferentes. Um dos casos relatados foi a “desistência” do deputado estadual em disputar a prefeitura de Maceió este ano. Na tribuna da Assembleia Legislativa, Ronaldo explicou que sua pré-candidatura não prosperou porque Paulão teria exigido como contrapartida que o grupo dele não dispute o diretório do PT em Alagoas no próximo ano.

Para Medeiros, Paulão age de forma equivocada, enfraquecendo o PT e esquecendo quem o ajudou a conquistar o mandato de deputado federal.

Ronaldo lembra que pediu votou com Paulão em 2022 em diversas cidades, incluindo municípios em que ele não foi em campanha (caso de Canapi) e foi bem votado. O deputado também lembrou que sem a aliança com o grupo do senador Renan Calheiros (que também foi alvo das críticas de Paulão), ele não teria sido eleito. “Ele esquece que o grupo garantiu mais de 55 mil votos do PV na chapa que asseguram a sua eleição”, cutuca.

“Me estranha ser tratado como adversário do companheiro Paulão. Nossos adversários, são a extrema-direita, são aqueles que sugam as riquezas do povo para deixá-lo pobre, são aqueles que desejam um Brasil submisso perante potências estrangeiras, que entregam nossas riquezas ao grandes capitalistas internacionais, são aqueles que tentam nos transportar de volta à Idade Média com uma agenda pseudo moral no Congresso Nacional.”, resume.

Para Medeiros, o foco de Paulão deveria ser a pré-campanha de Ricardo Barbosa à Prefeitura de Maceió. “Mas ele prefere atropelar mais uma vez o partido ao anunciar rompimento com o governador Paulo Dantas, caso o PT tenha que abrir mão da disputa em Maceió para manter seus espaços no governo. Em momento algum, esse tema foi pauta de discussão nas instâncias deliberativas do PT, tampouco o autorizou a tratar disso em entrevistas

Resposta

Medeiros lembra que recebeu críticas, anteriormente, do presidente do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, mas decidiu tratar tudo internamente: “conversamos, tentamos por um fim as divergências e mesmo diante de todos os problemas declarei apoio ao Ricardo. Mas agora, não posso deixar de responder”, aponta.

Medeiros avalia que questões da candidatura de Ricardo Barbosa e outras questões anunciadas por Paulão, a exemplo de um possível rompimento com o governo de Paulo Dantas, devem ser tratadas nas instâncias corretas: “o Paulão não é dirigente e não pode falar em nome do partido. Essas questões devem ser tratadas dentro do partido e da Federação, que reúne também PT e PV. Somente depois disso é que o Paulão poderá tratar desses assuntos”, afirma.

Nota

Em nota, Ronaldo Medeiros faz críticas a Paulão e defende o diálogo para fortalecer o PT em Alagoas.

Veja a nota:

NOTA – DEPUTADO ESTADUAL RONALDO MEDEIROS

Assisti à entrevista do companheiro Paulão ao portal Cada Minuto.

Primeiro porque o conheço há muitos anos, pois atuamos juntos no movimento sindical, na fundação da CUT em Alagoas, na fundação do PT em Palmeira dos Índios e por sempre ter votado e feito campanha em suas disputas para deputado federal.

Me estranha ser tratado como adversário do companheiro Paulão. Nossos adversários, são a extrema-direita, são aqueles que sugam as riquezas do povo para deixá-lo pobre, são aqueles que desejam um Brasil submisso perante potências estrangeiras, que entregam nossas riquezas ao grandes capitalistas internacionais, são aqueles que tentam nos transportar de volta à Idade Média com uma agenda pseudo moral no Congresso Nacional.

Quando saí do PT foi pelas mesmas razões que os companheiros Judson Cabral e o finado Izac Jacson: a forma autoritária e centralizadora como o companheiro Paulão dirige o partido em Alagoas.

Mesmo não sendo dirigente, é de seu gabinete que saem as decisões políticas adotadas pelo partido. Tudo bem que o parlamentar influencie os rumos do PT no estado, mas a tomada de decisão deve se dar nas instâncias coletivas.

A melhor prova do que afirmo é a antecipação de sua pré-candidatura ao Senado para 2026, sem ao menos consultar sua própria tendência interna. Toda e qualquer candidatura majoritária, essencialmente, requer construção coletiva e planejada para que toda uma engrenagem política passe a funcionar em torno dela.

O foco do companheiro deveria ser a pré-campanha de Ricardo Barbosa à Prefeitura de Maceió. Mas Paulão prefere atropelar mais uma vez o partido ao anunciar rompimento com o governador Paulo Dantas, caso o PT tenha que abrir mão da disputa em Maceió para manter seus espaços no governo. Em momento algum, esse tema foi pauta de discussão nas instâncias deliberativas do PT, tampouco o autorizou a tratar disso em entrevistas.

O clima que Paulão aparenta construir se assemelha ao açodamento de 2016, quando o companheiro rompeu com o governo Renan Filho pelas redes sociais. É evidente que em seguida o PT reafirmou a posição, e por unanimidade, para proteger Paulão, não lhe tirando autoridade política.

O PT voltou ao governo Renan Filho pouco tempo depois. Mas até quando o PT vai girar em torno de Paulão?

Quando eu saí do PT, eu nunca deixei de defendê-lo e as suas lideranças. Tanto que sempre continuei associado ao partido pelas pessoas e até por colegas parlamentares, defendendo e denunciando o golpe contra Dilma Rousseff em 2016 e atuando com entusiasmo na campanha de Fernando Haddad à Presidência da República em 2018. Depois, regressei ao partido que ajudei a fundar em Alagoas e luto para fortalecê-lo politicamente.

Na Assembleia Legislativa, fui líder do governo Renan Filho, para minha surpresa, a convite dele, Renan Filho. E me orgulho disso. O governo Renan Filho mudou paradigmas na saúde em Alagoas, com a construção de vários hospitais e UPAS; na segurança pública com os CISPS; na construção de estradas e duplicações; na educação, com construção de escolas e programas como o Escola 10.

Também exerci a função de vice-presidente da Assembleia Legislativa e que mal há nisso? Nenhum.

Agora, mal há na constante desconstrução partidária para se manter no centro do PT de forma artificial e protocolar, se impondo pela quantidade de cadeiras nas direções e não pelo convencimento, pela construção de consensos e unidade interna.

E sem ao menos consultar o conjunto de sua tendência, decidindo tudo de seu gabinete, cercado de duas ou três pessoas no máximo.

O resultado disso tem sido um partido com baixa representação, ocupando somente uma prefeitura entre as 102 de Alagoas e um número pequeno de vereadores no estado.

Em relação à retirada de meu nome para a disputa à Prefeitura de Maceió, isso ocorreu por razões de construção política, das necessidades que uma disputa majoritária requer, entre elas a de real unidade interna num partido como o Partido dos Trabalhadores.

É chato expor problemas internos do PT. Roupa suja devemos lavar em casa. Ainda mais nesse momento, pois precisamos focar na sustentabilidade do governo Lula, aqui em Alagoas e nacionalmente, e criar crises internas e externas não deveria ser pauta do companheiro Paulão.

Neste ano, temos as eleições municipais e precisamos eleger o maior número de prefeitos e vereadores possível.

Precisamos de um PT forte, atuante e mais influente na política em Alagoas.

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