Em 21 de junho de 1830, nascia o advogado e jornalista Luiz Gama, patrono da abolição do Brasil.

 

 

Sem concluir a faculdade de direito, mas munido de conhecimentos jurídicos e de impecável oratória nos tribunais, Gama conseguiu libertar mais de 500 escravos — há estimativas mil. As causas eram diversas, muitas envolviam negros que podiam pagar cartas de alforria, mas eram impedidos pelos seus senhores de serem libertos, ou que haviam entrado no território nacional após a proibição do tráfico negreiro em 1850.

Gama é, hoje, reconhecido como advogado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Isso foi possível graças à atuação do Instituto Luiz Gama e do trabalho de pesquisadores de sua obra como a professora Lígia Fonseca Ferreira, da Unifesp.

“Luiz Gama é o único intelectual, a única personalidade negra brasileira do século 19, a ter vivido a experiência da escravidão. Isso já é um fato que o singulariza dentro do panorama do Brasil do século 19.”

Advogado, escritor e jornalista, o baiano Luiz Gama é o patrono da abolição da escravidão no Brasil. Gama nasceu em Salvador no dia 21 de junho de 1830, de uma mãe negra liberta e um pai fidalgo português, por quem foi vendido como escravo e levado para São Paulo. Lá, aprendeu a ler, conseguiu sua própria alforria, estudou Direito de forma autodidata, tornou-se um intelectual e advogou para libertar mais de 500 escravizados.

Morreu por complicações de diabetes em 24 de agosto de 1882, aos 52 anos, e foi enterrado com um grande cortejo na capital paulista. Relembre sua vida:

Infância
Gama era filho de uma africana liberta, Luísa Mahin, e de um branco de família rica de origem portuguesa cuja identidade é desconhecida. Foi vendido como escravo aos 10 anos de idade pelo próprio pai, que havia contraído dívidas no jogo. Foi levado para a fazenda de um comerciante em Limeira, no interior de São Paulo, onde permaneceu cativo até os 17 anos, quando provou que havia nascido livre.

Autodidata
O ex-escravizado aprendeu a ler e a escrever ainda aos 17 anos, recebendo lições do estudante Antônio Rodrigues do Prado, que estava hospedado na fazenda. No ano seguinte, em 1848, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde se alistou na Força Pública da província. Em 1950, casou-se com Claudina Gama, com quem teve um filho, e tentou ingressar no curso de Direito do Largo de São Francisco. Por ser negro, não foi admitido pela instituição, mas acompanhou as aulas como ouvinte e lendo na biblioteca.

Homem das letras
Cada vez mais reconhecido como um literato, Luiz Gama publicou em 1859 uma coletânea de poemas satíricos intitulado Primeiras Trovas Burlescas, em que apresentava temáticas raciais e abolicionistas. Passou a fazer parte da intelectualidade de São Paulo, lançando e colaborando com publicações como o jornal ilustrado Diabo Coxo, o semanário Cabrião e o Jornal Paulistano, este fundado em 1869 junto com Rui Barbosa.

Advogado abolicionista
Até hoje, é conhecido como um dos principais patronos da abolição da escravidão por sua atuação como advogado, mesmo sem ser diplomado. Em suas argumentações, buscava apresentar ilegalidades na relação entre o senhor e o escravizado, justificando a necessidade da alforria. Fazia-se valer também da Lei de 7 de novembro de 1831, que proibia o tráfico negreiro, e da Lei Eusébio de Queirós (1850), que criminalizou de vez a atividade.

Estima-se que Gama tenha libertado mais de 500 pessoas em sua carreira, sem nunca cobrar honorários. Em 2015, mais de 130 anos após sua morte, foi reconhecido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) como membro da instituição, tornando-se assim oficialmente advogado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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