China investe mais de US$ 47 bilhões em sua indústria de chips

 

A China está dobrando seu plano de dominar as tecnologias avançadas do futuro ao criar seu maior fundo de investimento estatal em semicondutores, com um valor de US$ 47,5 bilhões (cerca de R$ 245 bilhões), de acordo com informações publicadas por uma agência governamental.

O fundo está sendo criado no momento em que os EUA impõem restrições abrangentes à exportação de chips americanos e de tecnologia de chips, em uma tentativa de estrangular as ambições de Pequim.

Com investimentos de seis dos maiores bancos estatais do país, incluindo o ICBC e o China Construction Bank, o fundo ressalta o esforço do líder chinês Xi Jinping para reforçar a posição da China como uma superpotência tecnológica.

Com seu roteiro Made in China 2025, Pequim estabeleceu uma meta para que a China se torne líder global em uma ampla gama de setores, incluindo inteligência artificial (IA), 5G sem fio e computação quântica.

O mais recente veículo de investimento é a terceira fase do Fundo de Investimento do Setor de Circuitos Integrados da China. O “Big Fund”, como é conhecido, foi oficialmente estabelecido em Pequim na sexta-feira (24), de acordo com o National Enterprise Credit Information Publicity System.

A primeira fase foi criada em 2014 com 138,7 bilhões de yuans (US$ 19,2 bilhões). A segunda fase foi estabelecida cinco anos depois, com um capital registrado de 204,1 bilhões de yuans (US$ 28,2 bilhões).

Os investimentos têm o objetivo de elevar o setor de semicondutores do país aos padrões internacionais até 2030 e injetarão dinheiro principalmente na fabricação de chips, design, equipamentos e materiais, disse o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação ao lançar a primeira fase em 2014.

Possíveis obstáculos

O “Grande Fundo” foi atingido por escândalos de corrupção nos últimos anos. Em 2022, o órgão de vigilância antifraude do país lançou uma repressão ao setor de semicondutores, investigando algumas das principais figuras da China em empresas estatais de chips.

Lu Jun, ex-diretor executivo da Sino IC Capital, que administrava o “Big Fund”, foi investigado e indiciado por acusações de suborno em março, de acordo com uma declaração do principal promotor do país.

Esses escândalos não são os únicos obstáculos que podem prejudicar seriamente as ambições de Xi de levar a China a alcançar a autossuficiência tecnológica.

Em outubro de 2022, os EUA revelaram um conjunto abrangente de controles de exportação que proíbe as empresas chinesas de comprar chips avançados e equipamentos de fabricação de chips sem uma licença.

O governo Biden também pressionou seus aliados, incluindo a Holanda e o Japão, a decretarem suas próprias restrições.

Pequim revidou no ano passado, impondo controles de exportação sobre duas matérias-primas estratégicas essenciais para o setor global de fabricação de chips.

O novo fundo de chips não é apenas uma medida defensiva para combater as sanções ocidentais, mas também faz parte das ambições de longa data de Xi de tornar a China um líder global em tecnologia.

No ano passado, a Huawei da China chocou os especialistas do setor ao apresentar um novo smartphone equipado com um processador de 7 nanômetros, fabricado pela Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC) da China.

Na época do lançamento do telefone da Huawei, os analistas não conseguiam entender como a empresa teria a tecnologia para fabricar esse chip, depois dos grandes esforços dos Estados Unidos para restringir o acesso da China à tecnologia estrangeira.

Em uma reunião com o primeiro-ministro holandês Mark Rutte em março, Xi disse que “nenhuma força pode impedir o desenvolvimento científico e tecnológico da China”.

A Holanda é a sede da ASML, a única fabricante mundial de máquinas de litografia ultravioleta extrema, necessárias para a fabricação de semicondutores avançados. A empresa disse em janeiro que havia sido proibida pelo governo holandês de enviar algumas de suas máquinas de litografia para a China.

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