Geofísico avalia danos de abalos sísmicos no Agreste alagoano

 

Os mais recentes tremores de terra que vêm ocorrendo nas cidades de Craíbas, Arapiraca e Feira Grande trouxeram ao estado de Alagoas o biofísico do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN), professor Eduardo Menezes.

O cientista desembarcou esta semana, na cidade de Arapiraca, onde se reuniu com acadêmicos da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e depois o grupo seguiu até a vizinha cidade de Feira Grande, distante 15 km da Capital do Agreste.

O professor Eduardo Menezes e o acadêmico do curso de Geografia, William Almeida, visitaram alguns locais da área rural de Feira Grande, com o propósito de conhecer de perto a topografia da região onde estão ocorrendo os tremores de terra.

Até agora, somente no município de Feira Grande, já foram registrados 48 abalos sísmico desde o dia 29 de abril deste ano. Nesse curto período, o maior tremor de terra teve magnitude 2.2 na Escala Richter e ocorreu a uma profundidade de quase dez quilômetros.

O Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) também detectou três abalos de terra nas cidades de Arapiraca e Craíbas, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano.

Além disso, em Craíbas, desde o ano de 2021 que os moradores de sítios localizados nas proximidades da Mineradora Vale Verde (MVV) denunciam prejuízos na estrutura física de suas casas.

Os imóveis apresentam rachaduras nas paredes e teto, colocando em risco a vida das pessoas. Os moradores acreditam que as explosões nas minas da MVV podem ser a causa das rachaduras.

A empresa continua afirmando que os tremores de terra e as rachaduras não têm relação com as atividades e explosões nas minas.

Na semana passada, a Câmara de Vereadores de Arapiraca realizou uma audiência pública para debater o problema dos tremores de terra e a defesa do meio ambiente.

Representantes da mineradora, Ministério Público Estadual (MP/AL), Defensoria Pública Estadual, Uneal, Ufal, Defesa Civil, lideranças comunitárias e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente participaram da reunião.

De acordo com o geofísico do LabSis/UFRN, professor Eduardo Menezes, a universidade e as Defesas Civis dos municípios ainda não dispõem de recursos financeiros para a instalação da Estação Sismográfica em Feira Grande. Mas os recursos já foram solicitados.

O cientista Eduardo Menezes explica que o mapeamento da região e as observações de possíveis locais para a instalação do equipamento foram realizados durante a visita.

Também foram feitas entrevistas com moradores das áreas mais próximas do epicentro dos abalos para levantamento de dados e informações sobre os tremores de terra na cidade agrestina alagoana.

“Enviamos uma proposta para a Defesa Civil de Alagoas e estamos aguardando o retorno. Ainda não foi dado o retorno sobre a viabilidade da instalação de uma estação sismográfica para estudos locais, tendo como ponto central a cidade de Arapiraca”, acrescenta.

Todas as informações sobre a sismicidade da região são repassadas aos órgãos responsáveis para mitigar possíveis problemas que possam vir ocorrer no futuro.

“Não temos nenhum contrato com a mineradora para fazer o monitoramento ou falar alguma coisa das ocorrências, mas os impactos ambientais já são irreversíveis. A previsão é de que, no futuro, os tremores sejam mais intensos e as edificações cada vez mais abaladas, principalmente os prédios, visto que os mesmos não têm estrutura para suportar abalos mais fortes”, completou o geofísico.

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