Morre Everaldo Tenório, o “Rei da soja alagoana”
Há uma década, em 2014, um alagoano, conhecido por seu estilo inquieto e desbravador, colocou na cabeça que nem de cana-de-açúcar precisava viver a agricultura de Alagoas. Uma empreitada nada fácil em uma terra onde a cana impera antes mesmo de se emancipar de Pernambuco. Mas o sucesso no projeto fez de Everaldo Tenório um pioneiro, que fez história na agricultura e na economia alagoana, como o “Rei da soja alagoana”, tomando como missão liderar e convencer o agricultores das Alagoas a diversificar suas culturas através do plantio de soja.
A despedida de familiares e amigos do empresário do agronegócio aconteceu nessa quarta-feira, concluindo uma trajetória de sucesso pessoal e profissional. Everaldo partiu aos 72 anos de idade, deixando três filhos e a esposa, Tereza. O corpo foi cremado em São Paulo, onde ele faleceu, mas haverá uma cerimônia em Maceió.
Até consolidar a soja como alternativa para agricultura em Alagoas, Everaldo Tenório, percorreu um trilha empreendedora buscando aliar tecnologia, apoio técnico e convencimento dos empresários do campo alagoano, começando por cultivar o grão na Fazenda Ribeira, no município de Campo Alegre. E o sucesso não demorou. Já nos três primeiros anos 100% da produção foi exportada para o mercado internacional.
Em entrevista ao programa Alagoas Rural, em 2019, Everaldo comemorava os resultados, e como bom conhecedor da lida com a terra, explicava porque a opção pela soja.
“A soja é uma cultura espetacular. Aqui em Alagoas eu faço a soja junto com a cana-de-açúcar. Com isso, ganhamos em produtividade em soja e da cana. A soja pegamos um terreno de 40 anos de cana e recuperamos todo o solo com o plantio da soja. A colheita hoje estamos na medida dos melhores estados em produção de soja”, afirmava Everaldo, otimista.
Em 2020, Everaldo Tenório ilustrava a capa de uma das mais tradicionais revistas do Brasil. A Granja, referência na imprensa que cobre a agricultura no país, circula há 79 anos.
Tenório ilustrava a capa da edição que trazia a reportagem especial “Perspectivas e desafios da agricultura nas regiões norte e nordeste”.
Na reportagem, o agricultor alagoano aparece como um dos principais exemplos de empreendedores que tornaram possível desbravar as novas fronteiras da economia agrícola na região.
E não por acaso ele foi escolhido para figurar na capa. Com o pioneirismo no DNA, Everaldo, alagoano de nascimento, também acreditou no cultivo da soja no Pará, na cidade de Redenção. Terras tradicionalmente dedicadas à pecuária.
“Lá só tinha boi e vaca. Ninguém acreditava em soja e hoje em dia é um sucesso. Planto ainda mais de mil hectares de milho”, afirmava, o visionário agricultor, em entrevista à revista.