Chuvas no RS: número sobe para 32 mortos e 60 desaparecidos
Os temporais que geraram cenas inéditas de destruição no Rio Grande do Sul causaram estragos em cerca de um em cada três municípios gaúchos, fizeram um rio atingir a maior cheia de sua história, romperam parcialmente uma barragem e deixaram pelo menos 32 mortos, além de 60 desaparecidos, centenas de ilhados e milhares de desabrigados até a noite dessa quinta-feira (2). A tragédia atinge o estado apenas oito meses depois das inundações de setembro de 2023, que causaram 50 mortes.
– As três mortes mais recentes foram confirmadas nos municípios de Taquara e São Vendelino. Os outros 29 mortos foram confirmados em boletim da Defesa Civil, divulgado às 18h da quinta-feira (2).
– Idosos e pai desaparecido em soterramento são novas vítimas com óbitos confirmados. Em Taquara, as vítimas são um casal de idosos que morava em um imóvel arrastado em um deslizamento de terra no distrito de Padilha, segundo a prefeitura. Em São Vendelino, a morte confirmada foi de um homem desaparecido em um deslizamento de terra na terça-feira (30). Segundo o Corpo de Bombeiros Voluntário do município, as buscas continuam para encontrar a segunda vítima desaparecida na ocorrência do fim de abril.
– Ao todo, 154 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas fortes chuvas que se estenderam desde o início da semana. Há 10,2 mil pessoas desalojadas, 4.645 em abrigos e 36 feridos, de acordo com o último balanço da Defesa Civil.
– Estado de calamidade pública. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública na noite de quarta (1º), com prazo de 180 dias. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3, “caracterizados por danos e prejuízos elevados”. Todo o estado foi colocado sob alerta de inundação ou inundação severa.
– Com a queda de barreiras e destruição de estradas, há comunidades isoladas e incomunicáveis. Familiares de moradores das cidades de Relvado, Encantado e Caxias do Sul, por exemplo, relatam que estão há dias sem conseguir contato com eles. Há municípios inteiros sem água ou luz.
– O governador afirmou que o total de mortes ainda deve subir. “Infelizmente, sabemos que esses números vão aumentar. Temos 60 desaparecidos registrados, e mesmo esse número tende a ser maior. Sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis”, afirmou.
O que explica os temporais históricos no RS
– As chuvas nos últimos dias são consequência de uma raríssima combinação. A chegada de frente fria e umidade da Amazônia em um cenário de onda de calor no Sudeste criou um bloqueio atmosférico —e que impede os sistemas de se dissiparem.
– Corredor de umidade. Segundo o Metsul, um corredor de umidade está “transportando grande quantidade de umidade da região amazônica pelo interior do continente até o território gaúcho”.
– Esse “rio atmosférico” seguiu atuando entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai durante grande parte desta primeira semana de maio.
Lula promete recursos para o estado
– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o estado nesta quinta e prometeu recursos, após ser cobrado por Leite. O presidente, porém, não indicou quais ações concretas serão tomadas.
“A gente não vai permitir que faltem recursos para que a gente possa reparar os danos. O governo federal estará 100% em sintonia com o governo estadual. Num primeiro momento, a gente tem que cuidar das pessoas. No segundo, reparar os danos. Tudo que estiver ao alcance do governo federal, faremos. Eu sei que são muitas casas, muitas vidas, mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo dessas pessoas”. – Presidente Lula.
– Mais tarde, o governo federal decidiu instalar uma sala de situação para traçar ações emergenciais para atender as cidade afetadas. Uma comitiva voltará ao estado no início da próxima semana.
Previsão para os próximos dias
– Até domingo (5), são previstos ventos fortes com rajadas acima dos 60 km/h. Segundo o Inmet, haverá raios, granizo e chuvas que podem superar os 100 mm entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina.
– Na sexta-feira (3), o tempo segue chuvoso durante o dia e a noite em Porto Alegre, segundo o Climatempo. É previsto chuva o dia todo, com temperatura mínima de 17ºC e máxima de 20ºC.
– As chuvas começam a cessar na capital gaúcha apenas no sábado (4), com pancadas previstas apenas pela manhã. Tanto o período da tarde quanto o da noite será de tempo firme, com temperaturas semelhantes às de sexta.
– No domingo (5), a chuva volta a ganhar força durante o dia, com algumas nuvens passageiras. À noite, o tempo fica firme, sem chuva.
– O tempo também ficará firme no começo da próxima semana. Com o fim das chuvas, as temperaturas devem sofrer forte alta no Rio Grande do Sul, disse o Metsul.