Primo de Arthur Lira deixa Incra com “lavagem” de sal grosso e arruda
Sal grosso e arruda! Nesta terça-feira, dia 17 de abril, uma cena inusitada marcou a “comemoração” dos camponeses e camponesas em Alagoas após a exoneração do superintendente César Lira do INCRA. Um grupo de integrantes do MST fez a lavagem simbólica das escadas na sede do Instituto. A ação, segundo o MST, foi parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que mobilizou movimentos populares do campo em todo o país.
Primo de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, César Lira estava à frente do INCRA em Alagoas desde o governo de Michel Temer, em 2017. A exoneração se deu num momento de turbulência na relação entre Arthur e o governo do presidente Lula.
Apesar disso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse que o presidente da Câmara terá prerrogativa de indicar um sucessor após a demissão de seu primo do INCRA em Alagoas. “Eu comuniquei que a gente iria trocá-lo e que o presidente Arthur Lira teria prerrogativa para indicar o seu sucessor.”
Em entrevista ao , o ministro contou que a relação de César Lira com movimentos por reforma agrária era bastante conflituosa: “em abril do ano passado, os movimentos ocuparam a sede do INCRA de Alagoas por conta do nível de dificuldade e conflituosidade com o César Lira, que só aumentou de lá para cá. Depois, no mês de novembro, voltei a discutir com o Arthur a substituição dele”, pontuou.
Teixeira lembra que “Ele [César] falou para o presidente do INCRA que seria candidato a prefeito em uma cidade de Alagoas e sairia em abril. Estava tudo ajustado para uma saída dele em abril. O fato é que ele não saiu prefeito. Essa litigiosidade dos movimentos está em um nível insuportável”, ponderou.
A saída, segundo o ministro, foi antecipada a Arthur Lira: “Então, eu liguei para o presidente Arthur e falei: ‘Presidente, vamos trocar o César Lira porque não tem mais convivência entre ele e esses movimentos’
“Mazelas”
Após a publicação no Diário Oficial da União oficializando a saída de César Lira do cargo, os camponeses se reuniram para realizar a lavagem do órgão, buscando “limpar” as “mazelas” da gestão anterior. Esta atitude representa não apenas uma comemoração pela exoneração, mas também uma manifestação de luta pela retomada da Reforma Agrária em Alagoas.