Cravinhos, em carta para Andreas Von Richthofen: “Desejo seu perdão”
“Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado”, escreveu Daniel Cravinhos, condenado a 39 anos de prisão pelas mortes de Manfred e Marísia Von Richthofen, pais de Andreas.
Daniel Cravinhos revelou, à coluna True Crime, d’O Globo, que sempre teve vontade de procurar Andreas, já que ambos possuíam uma amizade antes do duplo homicídio. No entanto, havia o receio de que o irmão de Suzane, com quem Cravinhos namorava à época das mortes, se sentisse ameaçado com a sua presença.
Cumprindo pena em regime aberto desde 2017, Cravinhos mora em uma chácara próxima à de Andreas. Teria surgido uma oportunidade para o encontro, quando um amigo em comum tentou intermediar a primeira conversa, sem sucesso: Andreas von Richthofen teria ficado abalado ao ouvir o ex-cunhado no viva-voz.
Cravinhos, então, redigiu uma carta aberta destinada a Andreas, dizendo que ele teria sido “a maior vítima de tudo o que aconteceu”
Após sete anos de reflexão, finalmente encontro coragem para escrever a você. Sinto-me apreensivo com a sua possível reação ao ler essa carta. Recentemente, tomei conhecimento de notícias suas por meio de amigos em comum e pela imprensa, o que me levou a tomar a decisão de pôr para fora o que estou sentindo.
Minha mente está em turbilhão, pois meu desejo mais profundo é ter o seu perdão. As palavras mal conseguem expressar a intensidade de minha angústia e remorso. Minhas mãos tremem enquanto escrevo, e cada linha é uma batalha contra os fantasmas do passado.
Há duas décadas, desde aquele fatídico dia, carrego o peso do arrependimento e da culpa, ciente de que minhas ações trouxeram tamanha tragédia para nossas vidas. Desde sempre penso em você, a maior vítima de tudo o que aconteceu. Hoje, ao praticar motovelocidade, a imagem do seu rosto vem à minha mente. Como seria bom ter você ao meu lado, correndo em uma moto. Lembra do mobilete que construímos juntos?