Duplo efeito: presidente Lula exonera primo de Arthur Lira da Superintendência do Incra em Alagoas

 

 

O Diário Oficial da União desta terça-feira (16) traz o primeiro efeito pratico dos desentendimentos entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL) e o governo Lula: a exoneração de Wilson César de Lira Santos, primo Lira, do cargo de Superintendente Regional do Incra de Alagoas.

Ao mesmo tempo em que formaliza um revide contra a postura do presidente da Câmara, o governo Lula (PT) atende a uma reivindicação do Movimento dos Sem Terra, que desde o início do ano passado exigiu, em nota e em manifestações públicas, a demissão de César Lira.

A alegação: o agora ex superintendente do Incra, que estava no cargo desde o governo Michel Temer, era “ligado ao agronegócio e ao bolsonarismo”.

Na manhã de hoje (16) organizações e movimentos populares do campo de Alagoas realizaram um ato público na superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com lavagem da entrada da sede do órgão com ervas e sal grosso, pela exoneração do superintendente César Lira, publicada no Diário Oficial da União desta terça.

A expectativa agora é sobre uma possível reação de Arthur Lira.Será que vai haver mesmo?

A exoneração do superintendente foi uma reivindicação constante dos segmentos que lutam pela terra desde a chegada de Lula à Presidência da República, em janeiro de 2023. Foram feitas inúmeras denúncias de que manter Lira, um bolsonarista de carteirinha, à frente do Incra no estado seria como deixar uma raposa cuidando de um galinheiro. Inimigo declarado das famílias Sem Terra, o superintendente era tido como um dos entraves para as políticas agrárias voltadas para a agricultura familiar camponesa. Frequentemente, adotava uma postura divisionista, anticomunitária e intimidadora nas áreas de assentamentos e acampamentos.

Conscientes de que as mudanças realizadas pelo novo governo não viriam de uma hora para outra, as organizações buscaram o diálogo articulado entre os órgãos dos Governos Federal e Estadual.

Entretanto, mesmo após tratativas de que as negociações entre as representações dos agricultores seriam realizadas diretamente com o Incra Nacional, o superintendente César Lira, contrariando o que foi definido, continuou a adentrar nas comunidades, acompanhado de policiais federais e policiais militares à paisana armados, para fazer seus discursos falaciosos.

O então superintendente, primo do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, insistia na deslegitimação das organizações sociais e na criminalização destas e de seus dirigentes; prometia recursos imediatos de créditos diversos – desde o apoio inicial, fomento, semiárido e outros, junto a empresas que teriam sido credenciadas pelo Incra – ainda que representantes do governo em nível nacional tenham informado que não aconteceria tais credenciamentos com a atual gestão da SR-22 em Alagoas.

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