Número de médicos no Brasil cresce, mas desigualdade persiste, aponta estudo do CFM

Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (8) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil conta atualmente com 575.930 médicos ativos, representando uma proporção de 2,81 profissionais por mil habitantes, o maior índice já registrado no país. O aumento no contingente médico foi oito vezes maior do que o crescimento populacional desde a década de 1990, com um incremento médio de 5% ao ano para os médicos, comparado a 1% ao ano para a população em geral.

O estudo aponta que a expansão no número de médicos foi impulsionada, em grande parte, pela proliferação de escolas médicas, que passaram de 78 em 1990 para 389 atualmente, colocando o Brasil como o segundo país com mais escolas médicas no mundo, atrás apenas da Índia. Contudo, o CFM expressa preocupação com a velocidade dessa abertura, enfatizando a importância de garantir a qualidade e ética na formação dos profissionais.

Apesar do aumento, persistem desafios significativos de desigualdade na distribuição e acesso aos médicos. A maioria dos profissionais tende a se concentrar nos estados do Sul e Sudeste e nas capitais, deixando regiões mais carentes com déficit de profissionais e investimentos em saúde. Essa disparidade é evidenciada pela razão de 7,03 médicos por mil habitantes nas capitais, enquanto nas cidades do interior essa proporção cai para 1,89.

O estudo também destaca a mudança no perfil dos médicos, com um aumento na participação feminina na profissão, especialmente entre os mais jovens. Atualmente, mulheres representam 58% dos médicos com 39 anos ou menos. Apesar disso, a distribuição desigual persiste, e o CFM reforça a necessidade de políticas para fixação dos profissionais em áreas mais necessitadas.

Diante desse cenário, o CFM ressalta que o aumento no número de médicos não é suficiente e que é crucial uma abordagem integrada que contemple não apenas a quantidade, mas também a qualidade e a distribuição equitativa desses profissionais, especialmente voltada para a atenção primária e para o contínuo processo de atualização e aprendizado ao longo da carreira médica.

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