‘Dengue não mata, o que mata é a desassistência e a desatenção’, afirman pesquisadores
De acordo com um recente artigo publicado pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, a demora em buscar atendimento médico por parte dos pacientes e a desorganização na rede de saúde são algumas das principais razões associadas às mortes por dengue no Brasil. Segundo os pesquisadores, a dengue em si não é fatal; o que leva aos óbitos são a falta de assistência e a negligência quanto ao potencial de agravamento dos casos.
No Brasil, apenas neste ano, mais de 2,6 milhões de casos prováveis de dengue foram registrados, com 991 mortes confirmadas e outras 1.483 ainda sob investigação. A análise dos especialistas aponta que muitas mortes poderiam ser evitadas se os pacientes recebessem assistência adequada em tempo hábil.
Relatos de familiares que perderam entes queridos para a dengue corroboram as conclusões dos pesquisadores. Um desses casos é o de Sofia, 4 anos, de Barra Velha (SC), que faleceu após falhas no atendimento médico. Sua mãe, Ana Maria Pereira, relatou que a menina não recebeu o devido tratamento em três visitas ao pronto-atendimento da cidade, mesmo apresentando sintomas graves da doença.
Segundo os pesquisadores, é essencial que os pacientes e suas famílias reconheçam a gravidade da dengue e busquem atendimento médico rapidamente. Entretanto, é comum que os serviços de saúde estejam superlotados e desorganizados, o que dificulta o acesso a cuidados adequados.
Além disso, há casos em que os pacientes são atendidos, mas a gravidade do quadro clínico não é percebida pelos profissionais de saúde. A falta de preparo e organização na rede assistencial contribui para o agravamento dos casos e, consequentemente, para os óbitos.
Diante disso, os pesquisadores enfatizam a importância de uma vigilância clínica proativa e de investigações detalhadas sobre as circunstâncias das internações e mortes por dengue. A correção de falhas assistenciais é crucial para reduzir a taxa de mortalidade e complicações decorrentes da doença.
Além das falhas na assistência, a terceirização de profissionais de emergência e o impacto das doenças crônicas e sequelas da Covid-19 também são questões que precisam ser investigadas para melhorar o atendimento de urgência e reduzir os óbitos por dengue.