A cada 10 escolas públicas em Alagoas, 6 não possuem climatização
Com temperaturas que frequentemente ultrapassam os 41°C, muitos municípios em Alagoas têm enfrentado um calor excessivo, especialmente durante os meses de verão. Esta situação torna-se particularmente desafiadora para aqueles que passam longas horas em ambientes fechados, como é o caso de milhares de crianças e jovens que frequentam escolas públicas na região. De acordo com dados do Censo Escolar de 2022, analisados pela Agência Tatu e Olhos Jornalismo, 59% das escolas públicas em Alagoas não possuem nenhuma sala climatizada.
Para serem consideradas salas climatizadas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) define que estas devem ser equipadas com ar-condicionado, aquecedor ou climatizador, excluindo ventiladores. No entanto, muitas escolas enfrentam um cenário oposto, onde apenas um número limitado de salas possui alguma forma de climatização, deixando a maioria dos estudantes expostos ao calor intenso.
A falta de climatização afeta diretamente o bem-estar dos alunos e professores, dificultando o processo de aprendizagem e tornando as condições de trabalho menos favoráveis. Em cidades como Belém, São Brás e Taquarana, a situação é ainda mais crítica, com pouquíssimas ou nenhuma sala de aula climatizada em toda a região.
Isadora Silva, uma estudante do 9º ano em Taquarana, compartilha suas experiências sobre as dificuldades enfrentadas em uma sala de aula sem ar-condicionado. Ela relata que, apesar da promessa de instalação de ar-condicionado feita pela escola, até o momento nada foi feito, tornando o ambiente insuportavelmente quente. Isadora também menciona casos de colegas que passam mal devido ao calor, resultando em aulas canceladas ou interrompidas.
Essa realidade não se limita apenas a Taquarana, mas se estende por todo o estado de Alagoas, incluindo a capital Maceió. Na rede municipal de Maceió, por exemplo, apenas 10% das salas de aula estão climatizadas, enquanto na rede estadual esse número é de 47%. Mesmo nas escolas federais, onde o percentual é mais alto (99%), ainda há espaço para melhorias.
Os desafios não se restringem apenas aos estudantes, mas também aos professores, que enfrentam condições adversas de trabalho devido ao calor excessivo. A transpiração, a fadiga e a falta de concentração são alguns dos sintomas relatados pelos educadores.
Diante dessa realidade preocupante, é crucial que medidas sejam tomadas para garantir um ambiente de aprendizado adequado para todos. Além da instalação de sistemas de climatização, é necessário investir em melhorias na infraestrutura das escolas, garantindo uma rede elétrica capaz de suportar a carga dos aparelhos de ar-condicionado. Além disso, políticas de longo prazo devem ser implementadas para lidar com os desafios climáticos cada vez mais intensos, visando o bem-estar e o sucesso acadêmico dos estudantes.