Conflito interno no união Brasil escala novos níveis com incêndios em residências de líderes
A disputa pelo controle interno do União Brasil atingiu um novo patamar com o inesperado incêndio que consumiu duas casas de praia associadas ao presidente eleito da sigla, Antônio Rueda. Esse episódio trouxe à tona de forma mais evidente o racha existente no partido, com uma facção acusando o presidente em exercício, Luciano Bivar, de estar por trás dos incêndios.
O União Brasil é uma das agremiações políticas mais influentes do país, detendo ministérios e gerenciando um substancial fundo partidário. Estima-se que o partido deva receber vultosos R$ 517,2 milhões do Fundo Eleitoral para financiar suas campanhas nas eleições de 2024. O montante total do fundo neste ano foi estabelecido em R$ 4,96 bilhões.
Nos últimos dias, a atmosfera de confronto interno se intensificou rapidamente, passando de insinuações veladas sobre “adversários” a acusações formais de ameaças, culminando potencialmente em uma série de incêndios criminosos em um condomínio à beira-mar em Toquinho, localizado em Ipojuca (PE), na noite de segunda-feira (11/3).
Por trás desses eventos recentes, está uma luta de poder dentro da legenda contra Luciano Bivar. Este último tentou obstruir a convenção partidária que resultou na eleição de Rueda, a quem Bivar rotula como traidor.
Divisão Partidária
O conflito vai muito além da administração de um fundo milionário em ano de eleições municipais; ele diz respeito ao futuro do partido e está intrinsecamente ligado à sucessão presidencial de 2026.
Uma parte do partido, mais alinhada a Bivar, está alinhada com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de apoiar o governo nas votações do Congresso Nacional, o União tem influência direta em dois ministérios: Comunicações (representado por Juscelino Filho) e Turismo (por Celso Sabino). Também conta com a indicação feita pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP) para o Ministério do Desenvolvimento Regional, ocupado por Waldez Goes (que não é membro do partido).
O objetivo desse grupo parece ser manter uma proximidade com Lula e continuar apoiando-o em 2026.
Por outro lado, uma ala contrária a Bivar deseja se opor ao governo petista tanto agora quanto no futuro. Este grupo, que apoiou a candidatura de Rueda, inclui figuras de destaque como ACM Neto, atual secretário-geral do União, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás.
Caiado, inclusive, é pré-candidato à Presidência e tem viajado pelo país para aumentar sua visibilidade. Durante suas jornadas, o político goiano busca chamar a atenção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A continuidade da aliança do União com Lula não é do interesse de Caiado e do grupo de oposição ao PT.