Posse de Aldo Rebelo em São Paulo tem presença de líderes do MDB e crítica indireta a Lula

A posse do ex-ministro Aldo Rebelo e do desembargador aposentado José Renato Nalini no primeiro escalão da Prefeitura de São Paulo nessa segunda-feira (19) transformou-se em um ato em favor do prefeito e pré-candidato à reeleição,Ricardo Nunes (MDB), na sede do governo paulistano, a menos de oito meses da disputa municipal.

Com tom eleitoral, o evento teve a presença em peso de lideranças nacionais do MDB, crítica indireta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a defesa de uma “frente democrática” na cidade, em uma tentativa de descolar o prefeito da imagem de Jair Bolsonaro (PL) — apesar de Nunes buscar o apoio do ex-presidente.

Com tom eleitoral, o evento teve a presença em peso de lideranças nacionais do MDB, crítica indireta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a defesa de uma “frente democrática” na cidade, em uma tentativa de descolar o prefeito da imagem de Jair Bolsonaro (PL) — apesar de Nunes buscar o apoio do ex-presidente.

Ex-ministro dos governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, Aldo assumiu a secretaria de Relações Internacionais. A pasta era comandada pela ex-prefeitaMarta Suplicy (PT), que deixou o cargo para ser vice na chapa do deputado e pré-candidato Guilherme Boulos (Psol), principal adversário de Nunes.

O ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo e ex-secretário estadual de Educação, Nalini ficará no comando da secretaria-executiva de Mudanças Climáticas, no lugar do ex-vereador Gilberto Natalini.

Aldo usou o discurso para criticar indiretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que o Brasil deve ser parte da solução, e não um problema, no conflito entre Israel e Palestina. “O Brasil tem que ser sempre o caminho da solução. O Brasil não pode ser parte do problema. O Brasil tem sempre que ser parte da solução.” O secretário disse que a vocação do Brasil é ser o mediador. Em viagem pela Etiópia, Lula comparou os ataques de israelenses a árabes na Faixa de Gaza ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial. A declaração gerou críticas e Lula tornou-se “persona non grata” em Israel.

No evento que lotou o hall da prefeitura, Nunes e aliados tentaram reforçar em seus discursos a ideia de que a ideologia deve ficar em segundo plano na disputa municipal. Lideranças do MDB temem que a aproximação de Nunes com Bolsonaro, com alta rejeição na capital e alvo de uma operação da Polícia Federal, prejudique a campanha pela reeleição. Adversário do prefeito, Boulos tem explorado a aliança.

“São Paulo não é da direita, não é da esquerda. São Paulo é dos paulistanos, São Paulo é do Brasil”, discursou o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Barbalho disse ainda que “não se pode” governar para os extremos”. “Dessa forma que você continuará liderando São Paulo.”

O ex-presidente Michel Temer classificou o prefeito como uma pessoa “moderada”, com equilíbrio e fez diversos elogios ao correligionário. “Aqui não há de se falar de esquerda, direita, centro. Há de se falar em administração em benefício da população”, afirmou. “Esses conceitos são completamente superados”, disse.

Nunes tentou se contrapor a Bolsonaro ao falar que na pandemia a cidade foi a “capital da vacina”. À imprensa, desconversou ao ser questionado sobre a aliança com Bolsonaro. “Não estou preocupado com a direita nem com a esquerda. Estou preocupado em cuidar das pessoas.”

A capital é a principal cidade do país comandada pelo MDB. No Estado, o partido já teve o maior número de prefeituras, mas perdeu espaço para o PSDB e, agora, para o PSD.

Na plateia, além de Temer e Helder Barbalho, estavam outros nomes de peso do MDB, como o governador de Alagoas, Paulo Dantas; os ex-ministros Moreira Franco e Carlos Marun; o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi; o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr (AL); o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço e os senadores Fernando Dueire (PE); o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique e o ex-senador Romero Jucá.

Estavam também o ex-ministro Celso Lafer, da gestão FHC; o presidente nacional do PSD e secretário estadual de governo, Gilberto Kassab; o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI); o senador Plínio Valério (PSDB-AM) e o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB), além de deputados e vereadores. Entre os bolsonaristas, estavam a secretária estadual Sonaira Fernandes e o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

Nunes tem feito movimentos pendulares em relação a Bolsonaro. Apesar de o MDB indicar distanciamento ideológico, o prefeito irá ao ato chamado pelo ex-presidente e nos próximos dias deve nomear como secretário de Licenciamento o deputado bolsonarista Tomé Abduch (Republicanos). Nessa segunda-feira, Nunes defendeu Bolsonaro das acusações de tramar um golpe de Estado e disse achar “muito ruim” o “pré-julgamento”. “O artigo 5º da Constituição é muito claro com relação à presunção da inocência, o direito a todos de terem, de fazerem a sua defesa”.

 

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