Associação de militares alagoanos divulga nota de repudio contra a Vai-Vai por retratar policiais como demônios
Em nota divulgada nesta quinta-feira (15), a Associação dos Coronéis do Estado de Alagoas (Ascel) afirmou repudiar a ala “Sobrevivendo no Inferno” da escola de samba Vai-Vai, de São Paulo, apontada por levar à avenida policiais retratados como demônios, no desfile do último dia 11, durante o Carnaval.
De acordo com a Ascel, que representa coronéis da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, a escola de samba levou para a avenida uma ala pessoas fantasiadas de policiais do Batalhão de Choque, com chifres e asas vermelhas, fazendo alusão a uma figura demoníaca.
“Numa demonstração total de valores, chegando as raias de uma humilhação sem precedentes aos homens que fazem a segurança pública do Estado de São Paulo, nossa coirmã Polícia Militar do Estado de São Paulo”, diz trecho da nota, assinada pelo presidente da Ascel, coronel Marcos Cardoso de Brito
Ainda segundo a entidade, “é de lamentar que o Carnaval seja utilizado para levar ao público em nome da ‘arte’ expressão de liberdade que afronta as forças de segurança pública, tratando de forma vil e covarde, profissionais abnegados que dedicam diuturnamente à proteção da sociedade e combate a criminalidade, sob condições precárias e adversas, tendo como custo de sua própria vida e familiares.”
O que diz a Vai-Vai
A escola Vai-Vai, levou ao sambódromo do Anhembi o enredo “Capítulo 4, versículo 3 — Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, no domingo (11). Uma das alas era composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque. Eles usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, representando demônios.
Segundo a escola, o enredo faz homenagem à cultura do hip-hop e manifestações artísticas da periferia de São Paulo e que um dos recortes da história retratados é o lançamento do álbum “Sobrevivendo no Inferno (1997)”, dos Racionais MCs. A escola de samba afirma que a ala ” fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação”.
A ala em que os policiais foram retratados com chifres e asas foi intitulada “Sobrevivendo no Inferno”, em referência ao álbum dos Racionais, do qual faz parte músicas como Diário de um Detento e Capítulo 4, Versículo 3. O cantor e compositor Mano Brown, da banda de rap, esteve presente no desfile da escola.