Butantan planeja solicitar registro da nova vacina contra a dengue até julho

Por Alessandra Conceição

Desde 2009, o Instituto Butantan está engajado na pesquisa para desenvolver uma nova vacina contra a dengue. A vacina, atualmente em fase avançada de ensaios clínicos, está prestes a ter seu pedido de registro submetido à análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre junho e julho deste ano.

O Instituto Butantan, renomado como o maior produtor de vacinas e soros da América Latina, tem desempenhado um papel crucial no fornecimento de imunobiológicos no Brasil. Além de suas contribuições para a produção de vacinas contra a gripe, a instituição agora busca combater a dengue, classificada como um problema de saúde pública no país.

A vacina em desenvolvimento pelo Butantan é tetravalente, contendo os quatro sorotipos do vírus da dengue atenuados. Uma característica distintiva é que será administrada em dose única, simplificando o processo em comparação com outras vacinas, como a Qdenga, do laboratório japonês Takeda, que requer duas doses.

O processo de produção envolve o cultivo do vírus atenuado em células Vero do macaco verde africano, seguido por purificação, formulação, liofilização (transformação do líquido em pó) e a criação do diluente para aplicação da vacina.

Quanto à eficácia, os ensaios clínicos da fase 3, realizados em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH) e a farmacêutica MSD, apresentam resultados promissores. A vacina mostrou eficácia geral de 79,6%, com destaque para a geração de anticorpos em pessoas que já tiveram dengue (89,2%) e naqueles sem histórico da doença (73,5%).

A Anvisa considera a fase 3 como essencial para avaliar cientificamente a segurança e eficácia da vacina, e o Butantan já apresentou dados preliminares durante reuniões. Caso os resultados clínicos confirmem a segurança e eficácia, a aprovação da vacina pode ser uma realidade futura.

Em um cenário em que o Brasil enfrenta um aumento nos casos de dengue, com mais de 243 mil casos prováveis registrados nas primeiras semanas de 2024, a necessidade de uma vacina eficaz se torna ainda mais premente. O Butantan também busca aprovação para sua candidata à vacina contra o chikungunya, contribuindo para fortalecer o arsenal do país no combate a doenças transmitidas por mosquitos.

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