Cartéis mexicanos impulsionam crescimento do tráfico de drogas no Equador, causando aumento alarmante da violência
Por Alessandra Conceição
O Equador enfrenta uma escalada da violência associada ao crescimento de grupos vinculados a grandes cartéis de drogas, especialmente oriundos do México, como o Cartel de Sinaloa e o Cartel de Jalisco Nueva Generación. A influência desses cartéis tem contribuído para ataques criminosos, sequestros e execuções, levando o presidente Daniel Noboa a declarar um “conflito armado interno”.
A crise de segurança, antes impensável no país considerado um “oásis” de paz, é resultado do recrutamento facilitado pela crise financeira desde 2017. Desemprego e condições de vida precárias tornaram jovens equatorianos alvos do crime organizado, impulsionando o crescimento de facções nos presídios.
O vácuo deixado pelo acordo de paz na Colômbia em 2016, que enfraqueceu os cartéis locais, permitiu a migração do mercado de drogas para o Equador. Os cartéis mexicanos encontraram no país condições favoráveis para operar, destacando a falta de especialização na segurança pública e a localização estratégica, com acesso ao mar, proximidade com grandes produtores de cocaína e facilidade de envio para os mercados norte-americanos e europeus pelo Canal do Panamá.
O aumento da violência reflete-se em recordes de homicídios e apreensões de drogas em 2023, chegando a 7,8 mil homicídios e 220 toneladas de drogas. Os confrontos entre presidiários, que deixaram mais de 460 mortos desde 2021, e os homicídios nas ruas, crescendo quase 800% entre 2018 e 2023, são indícios da crise institucional e do impacto das gangues de traficantes na sociedade equatoriana.
A crise de segurança também se destacou nas eleições de 2023, com o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, jornalista investigativo, por um grupo criminoso ligado ao tráfico de drogas. O presidente Noboa votou usando colete à prova de balas, evidenciando os desafios enfrentados pelo país durante este período turbulento.