Teleférico de la paz: Uma revolução no transporte público e turismo
Por Alessandra Conceição
A cidade de La Paz, situada a 3.640 metros acima do nível do mar, enfrenta desafios únicos de transporte devido ao seu terreno acidentado. Para superar essa barreira, o governo boliviano lançou, em 2014, a Mi Teleférico, uma rede de teleféricos que se tornou a maior do mundo, conectando La Paz à cidade vizinha de El Alto.
O sucesso do projeto, que uniu eficientemente transporte público e turismo, levanta a questão: seria esse modelo aplicável em países como o Brasil?
Com cabines limpas, climatizadas e um funcionamento eficaz, o teleférico não só agilizou o deslocamento diário dos moradores, reduzindo o tempo de viagem de mais de uma hora para apenas alguns minutos, como também se tornou uma atração turística imperdível.
Para visitantes como Jess Pádua, a experiência de “voar” diariamente sobre a cidade proporciona uma visão única, destacando-se como uma fusão entre tradição e futuro. O teleférico não apenas transporta, mas oferece uma perspectiva panorâmica da capital e das montanhas circundantes.
Além do apelo turístico, o Mi Teleférico destaca-se pela sustentabilidade, utilizando painéis solares para fornecer energia limpa às cabines. Projetos futuros incluem uma usina fotovoltaica que alimentará todo o sistema, contribuindo para a redução da emissão de poluentes.
Os benefícios do teleférico vão além da mobilidade eficiente, ajudando a diminuir o tráfego nas ruas e os acidentes de trânsito, problemas recorrentes em La Paz. Com aproximadamente 200 mil usuários diários e seis milhões por mês, a Mi Teleférico é uma parte essencial da vida cotidiana na região.
Apesar do sucesso em La Paz, especialistas alertam que a topografia específica da cidade foi crucial para o triunfo do teleférico. Em grandes metrópoles como São Paulo, Medellín e Buenos Aires, onde a topografia é diferente e as distâncias são maiores, sistemas de trilhos como metrôs e ferrovias são mais indicados.
Embora o teleférico tenha falhado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, devido à má gestão, especialistas sugerem que em cidades menores e com apelo turístico, como Amparo e Serra Negra, no Brasil, o modelo poderia ser uma alternativa eficaz. A Mi Teleférico, com seus 31,6 quilômetros de extensão e dez linhas diferentes, permanece como um exemplo inspirador de inovação no transporte público e turismo.