Cirurgiã Palestina relata desafios e traumas enfrentados durante conflito em Gaza
Por Júlia Maria
A jovem cirurgiã palestina, Sara al Saqqa, que fez história ao se formar em agosto como a primeira cirurgiã na Faixa de Gaza, compartilha sua experiência angustiante durante os recentes ataques de Israel.
A profissional de saúde, inicialmente focada em melhorar os cuidados médicos, viu suas prioridades mudarem drasticamente quando sua família se viu ameaçada.
Trabalhando incansavelmente no maior hospital de Gaza, ela descreve as condições caóticas, a falta de recursos básicos e os desafios emocionais enfrentados ao tentar salvar vidas em meio ao conflito. O relato destaca momentos de desespero, mas também de esperança, revelando o impacto devastador da violência na vida de uma médica comprometida com seu povo.
Sara teve que decidir quais pacientes priorizar com base nas chances de sobrevivência. “Me senti horrível. Fiquei completamente desamparada”, diz ela. “Fiz o melhor que pude com o pouco que tínhamos para tratar os pacientes. Fiquei arrasada por não ter conseguido salvar tantas vidas inocentes.”
Sara ajudou a dar à luz um bebê pela primeira vez depois que ela e a mãe ficaram presas uma noite na sala de cirurgia enquanto bombas caíam do lado de fora. Sara tentou desesperadamente chamar um ginecologista para ajudá-la, mas ninguém apareceu. Às 6h já não podia esperar mais. “Pedi a Deus para me ajudar e salvar a mãe e a menina”, diz ela. O bebê nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço, mas Sara conseguiu retirá-lo e trouxe a menina ao mundo com segurança.
Sara diz estar preocupada com o que o futuro reserva para ela e sua família.
“Este ano deveria ser o último ano de escola da minha irmã antes de ela se formar e começar sua vida, mas agora não temos ideia do que vai acontecer.”
Tal como outros moradores de Gaza, suas esperanças e sonhos deram lugar à luta pela própria sobrevivência.
*Com informações de BBC