Polícia Federal revela discordância entre atividades de mineração da Braskem e autorização oficial

Por Alessandra Conceição

A superintendente da Polícia Federal em Alagoas, delegada Luciana Paiva Barbosa, anunciou nesta quinta-feira (21) , uma descoberta significativa durante a operação que resultou na apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos na Braskem, em Maceió. Segundo a delegada, a investigação constatou uma “discordância entre o que foi realizado efetivamente na mina e aquilo que estava na autorização dada à empresa.” Essa revelação levanta sérias questões sobre a legalidade das atividades de mineração da Braskem na região.

A Polícia Federal está investigando se a Braskem falsificou documentos para continuar a extração de sal-gema, uma prática que foi associada ao afundamento do solo em diversos bairros de Maceió. A empresa afirma que suas atividades sempre foram “acompanhadas e fiscalizadas pelos órgãos públicos competentes e com as licenças de operação correspondentes.” No entanto, a PF está apurando se houve omissão de informações e falsificação de documentos para renovar as autorizações de mineração.

A conclusão do inquérito depende dos resultados da perícia, que continua em andamento. A investigação abrange não apenas o recente rompimento de uma das minas, mas toda a atividade da mineradora na região ao longo das décadas. A operação resultou na apreensão de documentos e equipamentos em Maceió, Rio de Janeiro e Aracaju.

A Braskem, por meio de nota, informou que está acompanhando a operação da PF e “está à disposição das autoridades, como sempre atuou.” No entanto, devido ao sigilo do inquérito, a empresa não pode fornecer detalhes sobre as investigações em curso.

A PF apura indícios de que as atividades da Braskem em Maceió não seguiram os parâmetros de segurança, havendo suspeita de apresentação de dados falsos e omissão de informações. Os suspeitos podem responder por crimes como poluição qualificada, usurpação de recursos da União e apresentação de estudos ambientais falsos.

A ação da PF também revelou alvos específicos, incluindo diretores e gerentes da Braskem, bem como empresas de consultoria que prestavam serviços à mineradora.

A situação ganha ainda mais relevância após o recente rompimento de uma das minas, destacando a urgência em esclarecer as responsabilidades e proteger a comunidade afetada. A população local sofreu com o impacto social e econômico das atividades de mineração, resultando em desocupações, danos a propriedades e a necessidade de realocação de milhares de pessoas.

A PF continuará a investigação, e a Braskem enfrentará o escrutínio rigoroso das autoridades e da opinião pública, enquanto a comunidade busca respostas e justiça diante dos danos causados ao meio ambiente e à vida das pessoas.

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