Brasileiras suspeitas de extorquir mais de R$ 1 milhão de pintor nos EUA em golpe prolongado
Por Alessandra Conceição
Um pintor brasileiro de 51 anos, residente em Massachusetts, EUA, tornou-se vítima de uma quadrilha com sede em Uberaba, no Triângulo Mineiro, liderada por uma mulher que assumia duas identidades distintas.
A denúncia revela que, utilizando uma “voz sedutora e rosto atraente”, a suposta líder da quadrilha causou prejuízos estimados em R$ 1 milhão ao pintor. O processo judicial envolve nove suspeitos, que colaboravam com a mandante na criação de um falso círculo social para a golpista.
A trama, que se desenrolou ao longo de dois anos, teve início em 16 de março de 2021, quando a vítima conheceu a principal suspeita online. Utilizando fotos falsas, a golpista desenvolveu rapidamente uma relação com o brasileiro, alegando estar em Uberaba para receber uma herança fictícia de R$ 207 milhões. Com o tempo, solicitou diversas quantias em dinheiro, alegando necessidade de cuidar da saúde, familiares e cobrindo despesas advocatícias para receber a suposta herança.
Durante as investigações, foi revelado que o advogado chamado Rodrigo era, na verdade, a própria golpista, criando diversas situações para sustentar a narrativa e solicitar mais dinheiro. A vítima, iludida, acreditava manter um relacionamento com a mulher, sentindo-se obrigado a enviar as quantias solicitadas na esperança de ser ressarcido quando a herança fosse recebida.
O pintor percebeu o golpe somente em maio de 2023, quando confrontou a mulher sobre as discrepâncias na história, e ela confessou a falsidade do advogado e sua criação fictícia. Iniciou-se então um processo para buscar o ressarcimento dos danos materiais, estimados em R$ 1 milhão.
A investigação liderada pelo advogado Luis Antônio Novais revelou a extensa rede de cumplicidade utilizada pela golpista. A quadrilha, composta por empresárias, servidoras públicas, médicas e familiares, ostentava um estilo de vida luxuoso em Uberaba.
A defesa da vítima solicitou medidas como quebra de sigilo bancário, bloqueio de contas, apreensão de equipamentos em um açougue gourmet supostamente financiado com o dinheiro da vítima, investigação de cartões bancários e mandados de busca nas residências dos suspeitos. O processo, em andamento, enfrenta desafios devido à complexidade e ao grande número de envolvidos.