COP28 aprova histórico acordo pedindo o abandono dos combustíveis fósseis pela primeira vez

Por Alessandra Conceição

Na noite de quarta-feira, representantes de quase 200 países reunidos na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP28), realizada em Dubai, aprovaram um documento final que representa um marco histórico nas conferências contra o aquecimento global. O texto, apesar de não incluir a expressão “eliminação gradual” dos combustíveis fósseis, traz uma referência à “transição” dessas fontes de energia, marcando um consenso considerado significativo.

O documento enfatiza a necessidade de coordenar esforços para eliminar as emissões de gases de efeito estufa até 2050, com uma atenção urgente na redução durante a década atual. Além disso, estabelece a meta de triplicar a capacidade energética renovável até 2030. As intensas negociações entre os representantes climáticos se estenderam até altas horas da madrugada, culminando em um acordo que, embora não atenda completamente às expectativas de alguns participantes, é reconhecido como histórico.

O presidente da COP28, sultão Al Jaber, destacou o acordo como “histórico”. No entanto, cientistas alertam que os compromissos assumidos pelos governantes ainda são insuficientes diante da urgência da crise climática, evidenciada por eventos extremos em várias partes do mundo em 2023.

A resistência de grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita e Iraque, e de economias em crescimento rápido, como Índia e Nigéria, impediu a inclusão da expressão “eliminação gradual” no texto. A realização da COP nos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores exportadores de petróleo, foi alvo de críticas desde o início.

Enquanto o acordo é elogiado como um avanço, algumas análises apontam que não mobiliza o financiamento necessário para atingir as metas estabelecidas. O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, destaca que a menção à substituição do uso de combustíveis fósseis é inédita, mas confronta a realidade de países que planejam aumentar suas fontes de energia suja em desacordo com os limites do Acordo de Paris.

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