Frase de Janja sobre prisão de Bolsonaro é ligada por opositores à escolha de Dino para o STF
Uma declaração feita pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, neste sábado (9), de que, “se tudo der certo”, Jair Bolsonaro (PL) será preso em breve, desencadeou uma série de reações nas redes sociais de apoiadores do ex-presidente. “Esse cara (Bolsonaro), o inominável, está inelegível e, se tudo der certo, logo ele vai estar ó (fazendo com dedos das mãos o símbolo de cadeia)”, disse ela.
A frase de Janja direcionada a militantes do PT durante a conferência eleitoral do partido, em Brasília, foi interpretada por opositores do governo Lula não apenas como um desejo pessoal, mas a revelação da expectativa diante da possibilidade da confirmação do ministro Flávio Dino(Justiça) na vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). Janja não mencionou nada sobre Dino.
Ele será sabatinado na manhã da próxima quarta-feira (13) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e poderá ser aprovado pelo conjunto de senadores na noite do mesmo dia. Se a sua indicação for confirmada no Senado, o ministro herdará 344 ações da ex-ministra Rosa Weber. Dentre essas está a petição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, solicitando investigações contra o ex-presidente.
Diante da fala de Janja, o deputado Filipe Barros (PL-PR) questionou nas redes sociais: “Esse ‘se tudo der certo’ significa ‘se os senadores aprovarem o nome de Dino no STF?”. Uma série de influenciadores digitais seguiu a mesma linha de raciocínio do parlamentar, apontando a suposta “missão” dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o seu indicado à Suprema Corte. “Qual é o plano secreto, Janja? Fala aí! O que tem que dar certo para Bolsonaro ir preso?”, provocou o deputado estadual e influenciador Claudio Branchieri (Podemos-RS).
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também fez afirmações de igual teor à da primeira-dama, sublinhando que “o destino de Bolsonaro tem que ser a cadeia”. Mas o termo “se tudo der certo” é que serviu para engajar apoiadores de Bolsonaro, sobretudo os que mobilizam as manifestações populares contra a nomeação de Dino, marcadas em diferentes locais do país para este domingo (10).
Em sua manifestação para uma plateia de políticos e filiados à sigla do presidente, Janja foi além do vislumbre de condenação do ex-presidente pelo STF. Ela disse também que, após se confirmar a prisão de Bolsonaro, o termo “bolsonarismo” poderá ser substituído por “fascismo”.
“A gente precisa começar a chamar as pessoas de fascistas, porque é isso que elas são”, discursou. “É o fascismo que mata, que nos anula. Então, precisamos deixar esse cara (Bolsonaro) lá no lugar que lhe é de direito para a história, que é nada, a lata do lixo.”
A primeira reação ao ataque da primeira-dama veio do ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) de Bolsonaro e atual advogado dele, Fabio Wajngarten. “Com a palavra, quem mais tem experiência em prisões no Brasil. Resta saber o que precisa dar certo”, brincou.