Ministério da Saúde revela que cerca 11 mil brasileiros morreram em decorrência da aids em 2022; negros são quase o dobro de brancos
Por Júlia Maria
Nesta quinta-feira (30), o Ministério da Saúde apresentou dados que revelam que 1 milhão de pessoas viviam com HIV no Brasil em 2022. Desse total, 90% (900 mil) foram diagnosticadas, 81% (731 mil) das que têm diagnóstico estão em tratamento antirretroviral e 95% (695 mil) de quem está em tratamento antirretroviral têm carga indetectável do vírus.
Em 2022, foram registradas 11 mil mortes por HIV ou aids, 8,5% menos do que os 12 mil óbitos registrados em 2012. Apesar da redução, cerca de 30 pessoas morreram em decorrência da aids por dia no ano passado. Do total, 61,7% dos óbitos foram entre pessoas pretas e pardas e 35,6% entre brancos.
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Etel Maciel, há uma grande preocupação com a infecção dos jovens, em especial, negros e negras. Do total de mulheres, 63% são pretas ou pardas.
“As nossas crianças que estão nascendo com a transmissão vertical, são em sua maioria, negras. E são os jovens negros, muito jovens, com 15 anos, que estão sendo acometidos”, disse.
Tratamento / Profilaxia pré-exposição
Até setembro de 2023, 770 mil pessoas vivendo com HIV estavam em tratamento antirretroviral – 5% a mais que o registrado em todo o ano de 2022. Dessas, 49 mil iniciaram o tratamento em 2023. Atualmente, quase 200 mil pessoas sabem que têm o HIV no Brasil, mas não se tratam. “Estamos conseguindo recuperar essas pessoas para os serviços de saúde”.
“O grande desafio é combater o estigma e a discriminação, fazendo com que essas pessoas tenham portas abertas, não só nos serviços de saúde, mas dentro das organizações da sociedade civil, para que possam também ajudar a resgatar essas pessoas para o tratamento, assim como para fazer o diagnóstico.”
Uma das formas de se prevenir contra o HIV é fazendo uso da profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, permitindo ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o vírus. De acordo com o boletim epidemiológico, a PrEP é mais acessada pela população branca (55,6%) em comparação a pessoas pardas (31,4%), pretas (12,6%) e indígenas (0,4%).
Gestantes com HIV
O diagnóstico do HIV em gestantes, de acordo com a pasta, é importante para que medidas de prevenção possam ser aplicadas de forma eficaz e consigam evitar a transmissão vertical do vírus (da mãe para o bebê).
Em 2022, o uso de tratamento antirretroviral durante o pré-natal foi relatado em apenas 66,8% dos casos. A meta é atingir cobertura igual ou superior a 95%. Já o percentual de gestantes, parturientes e puérperas sem uso de tratamento antirretroviral foi de 13,5%. Em 19,7% dos casos, a informação sobre o uso da terapia foi ignorada.
O governo também lançou nesta quinta-feira (30), a nova Campanha em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Neste ano, o filme destaca todas as formas de prevenção. Confira:
Fonte: Agência Aids