Arlindo Garrote é apontado pela Folha de São Paulo na “farra dos poços” em Estrela de Alagoas

Em uma matéria veiculada na “Folha de São Paulo”, o município de Estrela de Alagoas, de pouco mais de 15 mil habitantes que não chega a 0,5% da população do estado é um dos que mais tem poços por metro quadrado. Na hora de perfurar poços, o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) parece se preocupar bastante com a pequena cidade.

Ali está 1 de 5 cinco poços perfurados em todo o estado pelo departamento desde 2020, segundo dados do governo federal obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação. Foram 80 no período só nessa cidade.

Estrela de Alagoas é área de Arlindo Garrote, atual coordenador estadual do Dnocs, ex-prefeito da cidade e cotado para concorrer nas eleições de 2024. Ele atua no órgão sob indicação política do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A concentração de poços em redutos políticos é mais uma consequência tanto do loteamento de órgãos federais como do direcionamento das emendas parlamentares para áreas indicadas por deputados e senadores, e não necessariamente as de maior necessidade.

Estrela de Alagoas, a “capital dos poços” em Alagoas, vive um problema grave de escassez hídrica, mas foi privilegiada em relação a diferentes outros municípios do semiárido que não receberam nenhum poço nos últimos anos nem da Codevasf nem do Dnocs.

Segundo os moradores, a abundância de poços ali tem nome e sobrenome: Arlindo Garrote, ex-prefeito da cidade e coordenador estadual do Dnocs.

Arlindo, como é conhecido, nomeia os responsáveis em suas redes sociais.

“Diversos municípios de Alagoas têm recebido a perfuração de poços artesianos do Dnocs através de emendas, onde agradeço a atenção do deputado federal Arthur Lira e da deputada estadual Ângela Garrote [mãe de Arlindo], proporcionando tranquilidade e alegria para aqueles que mais precisam de água em plena estação do verão.”

Embora seja alardeada nas redes sociais dos políticos, a política de perfuração de poços nem sempre resolve o problema.

Em muitos casos, os poços ficam secos. Em outros, sem um sistema de dessalinização, a água salobra, de aparência turva, tem pouca ou nenhuma serventia para a população.

É o caso de um dos poços instalados na cidade de Estrela, que, segundo moradores, não serve nem mesmo para matar a sede de animais. “Infelizmente, o poço está só servindo de enfeite porque ninguém está usufruindo de nada. A água sai muito salgada”, diz o agricultor Ericle Santos, 24.

O preço dos poços pode variar conforme o modelo. Em um catálogo em que os parlamentares escolhem onde gastarão suas emendas, a reportagem achou estimativa de preços de perfuração e instalação de poço tubular com motobomba com sistema solar por valores unitários entre R$ 95 mil e R$ 170 mil, dependendo da profundidade e características.

As instalações de poços não raro rendem imagens impactantes nas redes, que mostram sondas perfuratrizes trabalhando até o surgimento da água em comunidades afetadas pela seca. Geralmente, as cenas são acompanhadas de agradecimentos a políticos como Lira.

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