Sérvia x Suíça: É o jogo mais tenso da primeira fase da Copa

Adversários do Brasil no Grupo G nas duas primeiras rodadas da Copa do Mundo, Sérvia e Suíça se enfrentam na sexta-feira, às 16h (de Brasília), no jogo que promete ser o mais tenso da primeira fase. E por questões que têm mais relação com a política do que com o futebol.

A partida promete reverberar um duelo ocorrido na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, também na fase de grupos. A vitória da Suíça, por 2 a 1, teve gols marcados pelos craques Xhaka e Shaqiri.

Nas comemorações, eles reafirmaram suas origens e fizeram o símbolo da bandeira da Albânia com as mãos, simulando a águia negra de duas cabeças. Shaqiri nasceu no Kosovo, e os pais de Xhaka são do Kosovo (pai) e da Albânia (mãe).

O pai do meia foi preso político da Iugoslávia por três anos e meio após participar de manifestações contra o governo comunista de Belgrado, capital da Sérvia, em 1986. Ele era estudante de uma universidade do Kosovo. Noventa por cento do povo kosovar é de origem albanesa.

O Kosovo fica dentro do território da Sérvia e teve movimentos separatistas reprimidos com muita violência a partir de 1989, em uma tentativa de limpeza étnica contra os albaneses. A região declarou independência de forma unilateral em 17 de fevereiro de 2008, mas os sérvios não reconheceram esse ato e ainda consideram Kosovo como parte do país.

Rusgas antigas

Antes do duelo da Copa passada, o meia sérvio Luka Milivojevic provocou o volante Valon Behrami, que assim como Shaqiri é nascido no Kosovo e naturalizado suíço. Aos 37, Behrami não está no Catar para o reencontro.

– Mesmo que Behrami corra para a Suíça, ele vai ser sempre albanês. A Suíça é o que é graças aos jogadores albaneses. Como Behrami poderia parar Neymar sozinho? A resposta: sangue albanês e comida albanesa. E ele é o primeiro jogador albanês a disputar quatro mundiais – provocou Luka.

Em resposta, os jogadores suíços disseram que iriam mostrar que “a derrota estava no DNA sérvio”.

Antes, em 2014, outro episódio já havia sido tenso. Num jogo entre Sérvia e Albânia, um drone com uma bandeira da Albânia sobrevoou o campo, sendo puxada pelo sérvio Stefan Mitrovic. O gesto revoltou os albaneses, como Basler Taulant Xhaka, irmão mais velho do Xhaka da seleção suíça.

Ele tentou recuperar a bandeira e um grande tumulto foi iniciado. O jogo teve que ser interrompido porque torcedores sérvios tentaram agredir os albaneses. O jogo era válido pelas Eliminatórias da Euro de 2016, foi para os tribunais da Fifa e acabou em vitória por 3 a 0 para a Albânia.

A provocação de 2022

E já teve um novo episódio na Copa do Catar. A imagem de uma bandeira supostamente colocada pela seleção da Sérvia no vestiário do estádio Lusail para o jogo contra o Brasil, na última quinta-feira, gerou polêmica. A foto mostra o mapa do Kosovo coberto pela inscrição da bandeira sérvia e as palavras “sem rendição” escritas em albanês.

A imagem repercutiu na imprensa da região. O site albanês “Gazeta Express”, um dos primeiros a divulgar a imagem, considerou o ato um “escândalo” e “contra as regras da Fifa”. O ex-ministro de relações exteriores do Kosovo Petrit Selimi criticou a atitude e cobrou respostas da Fifa.

Em nota, a Fifa informou neste sábado que abriu investigação sobre a polêmica:

“O Comitê Disciplinar da Fifa abriu procedimentos contra a Associação de Futebol da Sérvia devido a uma bandeira exibida no vestiário na ocasião do jogo Brasil x Sérvia, realizado em 24 de novembro. Os procedimentos foram abertos com base no artigo 11 do Código Disciplinar da Fifa e no artigo 4 do regulamento para a Copa do Mundo 2022”, diz a nota.

O técnico da Sérvia, Dragan Stojkovic, e o goleiro Vanja Milinkovic-Savi, foram perguntados sobre o tema em entrevista coletiva no domingo. Mas não quiseram tratar do tema. “Sem comentários”, disse o jogador, enquanto o treinador pedia a próxima pergunta.

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