Juiz determina reconstituição de caso de empresário de Arapiraca baleado por PMs durante perseguição

Marcelo Barbosa foi baleado durante perseguição policia — Foto: Arquivo pessoal

A Justiça de Alagoas determinou a reconstituição do caso do empresário Marcelo Barbosa Leite, de 31 anos, atingindo por um tiro de fuzil nas costas disparado por policiais militares durante perseguição em Arapiraca na última segunda-feira (14).

O juiz Rômulo Vasconcelos, da 5ª Vara Criminal de Arapiraca, atendeu o pedido do Ministério Público de Alagoas (MP-AL) e determinou que seja realizada a reprodução simulada da ação policial. Na decisão, publicada na quarta-feira (16), o magistrado dá o prazo de 20 dias para que a reconstituição seja feita.

Também foi determinado que as armas usadas pelos policiais do Pelopes, do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), sejam apreendidas e periciadas pelo Instituto de Criminalística (IC).

“Oficie-se, ainda, a Autoridade Policial competente para que identifique os agentes policiais que efetuaram os disparos de arma de fogo, com perícia a ser procedida nas armas apreendidas, submetendo os veículos da PM envolvidos nos fatos, bem como o veículo da vítima à perícia especifica a ser realizada pelo Instituto de Criminalística”, disse o magistrado.

Marcelo Barbosa está internado no Hospital do Agreste, em Arapiraca, e o seu estado de saúde é considerado grave.

O caso

Marcelo foi baleado nas costas enquanto dirigia na AL-220 na madrugada de segunda-feira. A versão da Polícia Militar é que o empresário estava armado e apontou a arma para os PMs .

No Boletim de Ocorrência registrado na Polícia Civil, os policiais relataram que Marcelo dirigia pela rodovia quando passou por uma viatura em alta velocidade. Eles contam que deram ordem para Marcelo parar, mas que a ordem não foi obedecida.

Os policiais disseram que pediram reforço de uma outra viatura para tentar conter o empresário. Os militares também narraram que após a abordagem, o empresário teria apontado uma arma para a guarnição e que, por isso, foi baleado.

A família de Marcelo, no entanto, rebate essa versão. Segundo familiares, a arma foi implantada pelos policiais no carro do empresário para justificar os disparos contra ele, que sequer possuiu arma de fogo.

g1 entrou em contato com a Polícia Militar de Alagoas, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem.

Os policiais contam que após apreender a arma, foram até a delegacia para fazer o BO. Um mandado de prisão preventiva foi expedido contra Marcelo, por porte ilegal de arma de fogo, para que ele fosse preso assim que deixasse o hospital.

Mas, na decisão de quarta-feira, o juiz Rômulo Vasconcelos concedeu a liberdade provisória ao empresário, a pedido da Defensoria Pública e do Ministério Público.

Investigação

Em portaria publicada nesta quinta-feira (17), foram designados para investigar o caso os delegados Filipe Caldas, Sidney Tenório e Cayo Rodrigues.

“A defesa vai poder auxiliar nas investigações e comprovar que os fatos foram mudados e mostrar a desproporção da abordagem feita”, disse o advogado Victor Oliveira.

Defesa diz que arma estava com a numeração raspada e foi entregue em uma sacola — Foto: Arquivo pessoal

Defesa diz que arma estava com a numeração raspada e foi entregue em uma sacola — Foto: Arquivo pessoal

 

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