Corpo da jornalista Susana Naspolini é velado no Rio
O velório de Susana Naspolini (1972 – 2022) acontece nesta quinta-feira (27), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Por volta das 08h30 da manhã os amigos e familiares da jornalista começaram a chegar no local. A filha, Julia, se manteve ao lado do corpo da mãe por todo o momento.
Pedro Figueiredo, jornalista da TV Globo, foi um dos primeiros colegas de profissão a chegar no velório e exaltou Susana Naspolini. “Ela deixa para a gente vários legados. Como pessoa, a alegria, a força que teve. Como jornalista, ela mostra como o jornalismo comunitário é potente e como a gente consegue fazer matérias cobrando as autoridades, sendo firme, mas ao mesmo tempo com leveza. Ouvindo os moradores, permitindo que eles tenham o espaço que merecem nessas cobranças. A última vez que falamos foi quando ela descobriu novamente o câncer. Mandei mensagem desejando que melhorasse logo, mas infelizmente não deu”, lamentou.
A mãe de Susana Naspolini, dona Maria, também conversou com Quem e falou sobre o apoio à Julia Naspolini, que tem apenas 16 anos de idade, e perdeu o pai, o também jornalista Maurício Torres, quando tinha 8 anos. “Ela tem uma compreensão absurdamente além dessa idade. A gente sempre foi muito aberto com ela, ela acompanhou tudo sempre. A minha família, particularmente, é muito próxima dela. Ela nunca perdeu os vínculos com Criciúma, Santa Catarina. As duas sempre foram para lá. Estou insistindo com ela. Ela perdeu a mãe, o pai, e essa é a família dela. Eu falei para ela contar com isso. Para não se preocupar”.
Sobre como está lidando com a perda, dona Maria se mostrou forte: “Se eu dissesse a vocês que estou em um nível de dor e tristeza quase no máximo, não seria mentira. Mas percebo que a fé é a grande força que a gente tem na vida. A fé não mostra a morte como um fim. Eu olho para a Susana, e falo: ‘Fique tranquila, deixe tudo acontecer com calma. Essa morada é provisória, a gente está preparando para a morada que é de verdade, e você mereceu’. Conversei com ela até o último minuto. Isso passa”.
Pedro Bassan, jornalista da TV Globo, também comentou sobre a amizade com Susana: “Aprendi tanto com ela, porque nossa profissão é feita de ouvir as pessoas. O talento que ela tinha pra ouvir e fazer parte da vida das pessoas… Quando ela ia para algum lugar, mergulhava no problema, compartilhava o problema delas. Essa foi a principal lição que me passou na profissão. E na vida, essa alegria, força acima de tudo. Vai fazer muita falta. O Maurício Torres, que se foi antes dela, era muito meu amigo… Era um casal que deixou muitas lições e muitas saudades.
“Oi, amigos. Venho convidar vocês para se despedir da minha mãe, ela sempre ficou muito feliz com o carinho de todos. A cerimônia será amanhã, quinta-feira (27), na igreja do Cemitério São João Batista, no Rio, das 8h às 16h. Quem puder ir, será muito bem-vindo. Tenho certeza de que ela iria amar”, escreveu a jovem na rede social ao anunciar o óbito da mãe.
A adolescente, de 16 anos, ainda aproveitou a postagem para agradecer a todos que deixaram mensagens carinhosas e homenagens. A jovem é fruto do casamento de Susana com o também jornalista Maurício Torres (1971 – 2014), que morreu após sofrer uma arritmia cardíaca durante um voo entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Aos 18 anos, a jornalista – natural de Criciúma (SC) – teve o primeiro diagnóstico de câncer, um linfoma de Hodgkin. Dezenove anos depois, aos 37, foi diagnosticada com um tumor maligno na mama e, logo em seguida, com um câncer na tireóide. Em 2016, Susana teve mais uma vez outro câncer de mama.
Conhecida por suas reportagens no subúrbio carioca, Susana era muito querida pelos colegas e população, sempre cobrando das autoridades, com leveza e bom humor, os reparos necessários nos bairros mais pobres.