Assassinada durante tentativa de estupro aos 13 anos: quem foi Benigna Cardoso da Silva, cearense que será beatificada hoje
Após a morte, a menina passou a ser venerada na região do Cariri como símbolo da resistência contra feminicídio e violência sexual contra crianças e adolescentes. Com isso, o Vaticano vai oficializar nesta segunda-feira (24) a Menina Benigna como primeira beata do Ceará e quarta mártir do Brasil. A autorização foi dada pelo Papa Francisco em 2019.
Segundo o relato de pessoas que conviveram com Benigna, ela era uma menina simples, sem vaidades, muito estudiosa e com muita fé em Deus.
“Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada, não usava de palavrões e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela, se destacava a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa”, conta Raimundo Alves Feitosa, de 98 anos, que conviveu com a mártir. Ele foi uma das testemunhas que deram depoimento ao Vaticano no processo de beatificação.
Benigna nasceu em 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, em Santana do Cariri. O processo de beatificação de Benigna começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada Impede” para que se pudesse dar início à busca pelo título de beata.
A cerimônia estava originalmente prevista para 2020, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19.
Romarias e homenagens
Mais de 80 anos depois, o martírio de Benigna ainda movimenta intensamente os católicos na região do Cariri. O município de Santana do Cariri, onde ela nasceu e morreu, espera uma quantidade de visitantes cinco vezes maior que o tamanho da população local a cada outubro, quando são realizadas as romarias em homenagem à menina.
Os eventos, inclusive, reúnem dezenas de meninas e meninos vestidos com o típico traje vermelho com bolas brancas, roupa característica da Menina Benigna.