Com depoimento de Davi Maia, guia de Paulo acusa Lira e Cunha de interferência política no comando e ações da PF em AL
Com graves acusações contra Rodrigo Cunha (União Brasil) e Arthur Lira (PP), o guia eleitoral do candidato à reeleição a governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), desta quinta-feira (20), trouxe denúncias sobre interferência política no comando e ações da Polícia Federal do estado. Davi Maia, um dos principais apoiadores de Cunha no primeiro turno das eleições, também questionou a atuação da PF na operação Edema, que culminou no afastamento de Dantas do Executivo Estadual.
Durante os cinco minutos do horário político, o candidato falou que Alagoas está vivendo uma das maiores armações políticas da história e que Rodrigo Cunha está tentando se aproveitar dessa ‘trama suja’.
Dantas lembra que, ainda no início do processo eleitoral, houve uma mudança sem justificativa no comando da Polícia Federal de Alagoas quando o superintendente foi exonerado, após denúncia de ingerência na instituição, e quem assumiu foi Juliana de Sá. Além disso, questiona que uma investigação de 2017, sob a responsabilidade da Polícia Civil, é assumida pela Polícia Federal.
O guia ainda apresenta um vídeo divulgado pelo deputado federal Arthur Lira – antes do final do primeiro turno das eleições – em que ele fala em público de uma operação que seria realizada em Alagoas. O vídeo foi divulgado em 1º de outubro, já a operação Edema, que culminou com o afastamento de Paulo Dantas do governo de Alagoas, ocorreu em 11 de outubro.
“Os integrantes e os acusados, e os delatados na Operação Edema, que nós vamos discutir ela bem muito agora no segundo turno”, disse Lira naquele dia. No entanto, por lei, as operações da Polícia Federal são sigilosas.
Quem também estranha a divulgação das ações é Davi Maia, um dos principais apoiadores de Rodrigo Cunha no primeiro turno. “Até o nome da operação já existia. A operação Edema. E isso sem dúvida nenhuma chamou a atenção de todo mundo. Como é que um deputado ou um candidato pode anunciar uma operação que teria que ser secreta ou teria que ser sigilosa? Então isso, sem dúvida nenhuma, cheira a armação com meros fins eleitoreiros. Por que só uma operação agora? Por que em cima de um segundo turno? Uma operação que já tinha acontecido, já tinha investigação anterior? Por que não fizeram antes?”, questionou.
Sobre a compra do imóvel que é alvo de denúncias por parte de Rodrigo Cunha, Paulo Dantas apresenta documentos negando que a transação ocorreu com dinheiro de corrupção. Segundo o candidato, a compra foi declarada com contrato registrado em cartório e com pagamentos realizados dentro da lei. Paulo Dantas teria dado como entrada o apartamento antigo que morava e fez transferências bancárias. O saldo do pagamento do imóvel será quitado através de financiamento em até um ano e meio, segundo ele.
O apartamento e dinheiro utilizado para compra da casa estão declarados no Imposto de Renda de Paulo Dantas, segundo documentos também apresentados no guia eleitoral. “Antes de ser governador, Paulo Dantas é empresário, um dos maiores produtores de leite, carne e milho do estado e os investimentos compatíveis com sua renda estão declarados à Receita Federal”, diz.
A campanha de Dantas ainda expôs os aliados políticos de Cunha, como Arthur Lira, condenado na Operação Taturana da PF; Jó Pereira, irmã de Joãozinho Pereira e Pauline Pereira, condenados e inelegíveis; João Caldas, condenado por desvio de verbas para compra de ambulâncias.
Além disso, Paulo Dantas relembra no guia eleitoral que Rodrigo Cunha gastou mais de R$ 500 mil de verba pública do Senado em apenas um ano com gasolina. E foi um dos parlamentares que votou contra o Fundão Eleitoral, no entanto, foi o candidato a governador dos mais de R$ 6 milhões e beneficiado com mais de R$ 50 milhões do Orçamento Secreto de Arthur Lira.
Por fim, Paulo Dantas afirma que adotará as medidas cabíveis e processará criminalmente todos os envolvidos. “Eu me propus a fazer uma campanha bonita, propositiva, de paz, por isso fiquei em silêncio até o momento. Mas não dá para ver essa gente sujando o meu nome, maltratando minha família e continuar calado. Vocês jogam sujo. Vocês não têm limite para conquistar o poder. Estou entrando na justiça para processar criminalmente cada um de vocês. Esse é o tratamento que vocês merecem”, finalizou Paulo Dantas.