Ministros do STF veem tentativa de interferência nas eleições em ação contra governador de Alagoas
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) analisam que a decisão pelo afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), seria uma clara tentativa de interferência no processo eleitoral. É o que informa a colunista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo.
Segundo a jornalista, os integrantes da Corte Suprema teriam estranhado a operação, que teve como principal alvo o governador do Estado, candidato à reeleição. A desconfiança seria pelo fato de a ação ter acontecido a poucos dias do segundo turno das eleições.
A colunista revela que “houve troca de mensagens entre magistrados e um debate sobre ações policiais às vésperas do pleito, que são feitas de forma espalhafatosa e podem influenciar na escolha do eleitor”. E acredita que o caso possa ser discutido no Supremo futuramente.
No primeiro turno, Dantas, que tem o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), obteve 46,64% dos votos válidos, enquanto seu adversário, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teve 26,74%.
Além dos mandados de busca e apreensão, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita Vaz Dantas, no âmbito da operação Edema, também determinou que Dantas fosse afastado do cargo por um período de 180 dias. A decisão vai ser analisada por outros membros da Corte, em sessão extraordinária, nesta quinta-feira (13).
Em comício, na noite dessa terça-feira (11), no Vergel do Lago, o candidato afirmou que a ação da Polícia Federal atende a interesses políticos-eleitorais para derrubar sua reeleição, classificando como uma tentativa de golpe contra Alagoas.
O Ministério Público Federal (MPF) acusa Paulo Dantas de envolvimento em um esquema de desvios de recursos públicos na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). A investigação, ainda em sigilo, aponta a ocorrência dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
Ao todo, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão em imóveis vinculados aos investigados. Conforme a decisão judicial, os investigados estão impedidos de manter contato entre si e de frequentar os órgãos públicos envolvidos na investigação. As medidas cautelares incluem ordem de sequestro de bens e valores que chegam a R$ 54 milhões. Dezenas de imóveis foram objetos de constrição.
Dantas nega envolvimento na prática e garante que é ‘ficha-limpa’, sem dever nada à Justiça.