José Wanderley assume Governo de Alagoas
Após o afastamento – ainda que em caráter liminar – de Paulo Dantas (MDB), o vice-governador, José Wanderley Neto, assumiu o comando do Executivo Estadual nesta quarta-feira (12). A Secretaria de Comunicação foi devidamente notificada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A decisão de afastar Dantas é da ministra Laurita Vaz. Na ocasião, essa informou que o substituto imediato do governo seria comunicado a respeito da ordem judicial. Agora, Wanderley é o governador em exercício.
Paulo Dantas foi afastado do cargo por 180 dias – segundo a TV Globo – em desdobramento da investigação feita na Operação Edema, que apura a prática sistemática de desvios de recursos públicos que ocorre desde 2019, no poder público.
A investigação, ainda em sigilo, aponta a ocorrência dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
Na manhã dessa terça (11), a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) cumpriram 31 mandados de busca e apreensão em imóveis vinculados a Dantas e a outros investigados, cujos nomes não foram divulgados. Ordens foram cumpridas no Palácio República dos Palmares e na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE).
As medidas cautelares incluem ordem de sequestro de bens e valores que chegam a R$ 54 milhões. Dezenas de imóveis foram objetos de constrição.
Em apenas seis meses, Alagoas foi comandada por quatro governadores, sendo eles Renan Filho (MDB), Klever Loureiro, Paulo Dantas (MDB) e, agora, José Wanderley Neto (MDB).
EXPECTATIVA
Apesar da decisão liminar em desfavor de Paulo Dantas, é grande a expectativa do candidato à reeleição e de seus aliados políticos quanto a uma reviravolta no caso, tendo em vista que, nesta quinta-feira (13), parte do pleno do STJ se reunirá para decidir o mérito da ação processual que culminou no desdobramento da Operação Edema, por parte da PF, e no consequente afastamento do governador pelo período de 180 dias. Os ministros foram convocados pela presidente da Corte, Maria Thereza Rocha de Assis Moura.
Para aliados, a decisão não tem sustentabilidade jurídica ou contemporaneidade, já que o fato que implica desvios públicos teria ocorrido em 2017, quando o candidato à reeleição não era nem governador do Estado. O grupo político acredita, portanto, que a decisão será revertida.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), apesar do afastamento de Paulo Dantas, o registro de sua candidatura permanece regular. A assessoria de comunicação da Corte Eleitoral informou que o afastamento do governador não o impede de continuar concorrendo à reeleição, uma vez que ele teve o registro considerado válido pela Justiça.
‘GOLPE CONTRA ALAGOAS’
Durante um comício para mais de 5 mil pessoas, no bairro Vergel do Lago, em Maceió, na noite de ontem, Paulo Dantas reafirmou que a ação da Polícia Federal atende a interesses políticos-eleitorais para derrubar sua reeleição.
Em seu discurso, Paulo afirmou que a democracia sofreu um verdadeiro ataque – um “golpe contra Alagoas”. Segundo ele, a ação da PF no estado é financiada pelo deputado federal Arthur Lira e o candidato ao governo de Alagoas Rodrigo Cunha (UB).
“A PF em Alagoas está aparelhada. Todos os alagoanos sabem: ela [superintendência] foi indicada por Arthur Lira, o maior bandido que esse Brasil tem. O Arthur Lira, que tomou conta de todo o orçamento do Brasil, tirando todas as condições para que os mais humildes entrem nas faculdades, para que os mais humildes tenham mais oportunidades”, reagiu Dantas.