Mulher suspeita de golpe com ingressos do Rock in Rio pode ter faturado R$ 500 mil, diz polícia; Disque Denúncia pede informações
A Polícia Civil acredita que Lívia da Silva Moura, irmã de Léo Moura, ex-jogador do Flamengo, tenha faturado cerca de R$ 500 mil com a venda de ingressos falsos para o Rock in Rio.
Nesta terça-feira, o Disque Denúncia divulgou um cartaz pedindo informações sobre Lívia.
Considerada foragida da Justiça, Lívia foi indiciada pelos crimes de estelionato, violação de direito autoral, organização criminosa e falsificação de documentos. Leonardo Moura não é alvo de nenhuma investigação.
Na última segunda-feira (5), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou o bloqueio de R$ 300 mil.
Cerca de 20 pessoas já procuraram a delegacia para prestar queixa contra Lívia Moura. As vítimas disseram que compraram os ingressos falsos e não conseguiram entrar no festival.
A Polícia Civil agora vai investigar se alguém de dentro da organização do Rock in Rio ajudava Lívia e tinha participação no esquema.
Nas redes sociais, Lívia postava fotos como se trabalhasse na produção do Rock in Rio. Ela usava credencial falsa e dizia que vendia os supostos ingressos pela metade do preço. Para negociar com os “clientes”, Lívia usava um aplicativo para troca de mensagens e um e-mail com a logomarca do evento.
Outros possíveis golpes
Lívia já teve outras três passagens pela polícia por estelionato. Entre denúncias e acusações informais, ela é ré em processo envolvendo Renato Augusto, atual jogador do Corinthians, e foi acusada por uma servidora da Prefeitura do Rio de desviar R$ 2,5 mil.
Lívia é ré em um processo que investiga um possível golpe de R$ 225 mil contra o jogador de futebol Renato Augusto. Atualmente no Corinthians, o jogador atuou no Flamengo, onde conheceu o irmão de Lívia, o ex-jogador Leo Moura.
Em 2015, Lívia foi contratada para organizar a festa de casamento de Renato e a esposa no Rio de Janeiro. Na época, o casal morava na China, onde o jogador atuou por várias temporadas.
Lívia dizia ter uma empresa de eventos e combinou com o jogador que contrataria os cantores Thiaguinho, Péricles, Rodriguinho e MC Marcinho para tocar na festa. Segundo a denúncia, ela não pagou os contratados.
Nesse processo, a irmã de Léo Moura é acusada de falsificação de documento público, estelionato e furto. Na denúncia apresentada em janeiro desse ano, o MP cita que ela chegou a falsificar a assinatura de Renato em um cheque.
Crachá falso da Prefeitura do Rio
Na operação desta segunda, os agentes encontraram na casa de Lívia, na Freguesia, na Zona Oeste do Rio, um crachá dela como funcionária da Prefeitura do Rio. Segundo o documento, com foto e número de matrícula, ela ocuparia o cargo de “assistente 1” no gabinete do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Em nota, a prefeitura informou que o número de matrícula não existe e que o documento é falso.
“A Prefeitura do Rio informa que Lívia Moura nunca foi funcionária do município e que o crachá encontrado pela polícia nesta segunda-feira em sua residência é falso”.
A polícia e o Ministério Público também encontraram na casa de Lívia 7 ingressos do Rock in Rio, sendo que quatro deles eram falsos.
Roubo de senha e desvio de dinheiro
A subprefeita de Jacarepaguá, Talita Galhardo, acusou Lívia da Silva Moura de invadir suas contas bancárias e sacar R$ 2,5 mil de um de seus cartões de crédito.
Segundo Talita, o crime aconteceu em 2020, quando as duas eram próximas. A subprefeita contou que Lívia chegou a confessar os desvios feitos em trocas de mensagens com ela.
Contudo, Talita disse que não procurou a delegacia para denunciar o caso por preocupação com a filha e mãe de Lívia, que estariam com problemas de saúde na época.
Em troca de mensagens entre as duas, Talita diz que tem imagens de Lívia realizando os saques indevidos.
“Pedi pra você não abusar da minha consideração. Você está insistindo em procurar pessoas ligadas a mim. (…) Vou mostrar as imagens de você sacando dinheiro meu sem a minha autorização, claro, e de tudo que já tenho na mão da polícia pra prender você”
Estelionato na venda de ingressos
A Polícia Civil está investigando Lívia pela suspeita de praticar o crime de estelionato na venda de ingressos do Rock in Rio.
Segundo as investigações, ela usava o fato de ser irmã de Léo Moura para aplicar o golpe e pode ter causado um enorme prejuízo aos organizadores do festival. Só uma das vítimas teria feito uma transferência via PIX para Lívia de R$ 20,8 mil.
A organização do Rock in Rio afirmou que Lívia não possui qualquer relação com o evento. O festival disse ainda que não há registros de credencial emitida no nome dela. A mulher também não esteve trabalhando no evento-teste e não faz parte da operação do festival.
O Rock in Rio afirmou ainda que não se responsabiliza por ingressos comprados fora dos canais oficiais de venda.
De acordo com a denúncia, Lívia prometeu entregar 26 ingressos para vários dias diferentes do festival. A negociação foi feita através de um aplicativo de troca de mensagens e a vítima contou ainda que entregou mais R$ 3 mil em dinheiro para um vizinho da suspeita.
A vítima contou que, após efetuar o pagamento, a irmã do ex-jogador parou de responder as mensagens e atender o telefone.
“As pessoas veem a vantagem, o ingresso mais barato, e acessam o site que possui uma grafia parecida com a do evento, do Rock in Rio, e não é. Compram o ingresso com preço inferior, acham que estão fazendo um bom negócio e, na verdade, não compraram o ingresso e ela (Lívia) subtraiu o dinheiro deles”, afirmou o delegado Felipe Santoro, responsável pelas investigações.
‘Se errou, que pague’, diz Léo Moura
O ex-jogador Léo Moura afirmou, em uma rede social, que não se envolve e não compactua com as atitudes da irmã, Lívia da Silva Moura.
“Só quero deixar claro novamente que os problemas da minha irmã são absolutamente dela, infelizmente para a tristeza da família. Não me envolvo e nem compactuo com isso. Se errou, que pague pelos erros e não cometa novamente”, disse o ex-jogador.
“Tenho minha família e um nome que zelo por muitos anos. Estamos tristes pelo acontecido porque somos humanos, mas estamos e ficaremos sempre do lado que é certo”, disse Moura.
Como denunciar
Portal dos procurados:
Telefones: (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177
Whatsapp do Portal dos Procurados: (21) 98849-6099
Aplicativo Disque Denúncia RJ
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