Guns N’ Roses pede 12 camarins, 250 toalhas, rosas e massagistas no Rock in Rio

Nas listas de pedidos das equipes das estrelas há cada vez menos bebidas alcóolicas e mais gente optando por opções que passam longe do fast food, como os adeptos das quentinhas veganas.

O resumo é da produtora de eventos Ingrid Berger, coordenadora de backstage e responsável pelos camarins do Palco Mundo no Rock in Rio.

Segundo ela, um dos artistas que mais dá trabalho é o Guns N’ Roses, a atração principal desta quinta-feira (8), no começo da segunda semana de festival.

“É um artista que de repente entra no palco, não entra. É uma coisa um pouco complicada para fazer a gestão. Eu nunca sei o que vai acontecer. Então, eu fico sempre com um pé atrás”, comentou ela. A banda liderada por Axl Rose pediu 12 camarins, 250 toalhas, 2 massagistas e rosas vermelhas e brancas.

Ingrid trabalha nesta área do Rock in Rio desde 2001 e tem passagens por outros festivais como Hollywood Rock, Monsters of Rock, Skol Beats, e grandes turnês de Paul McCartney, Rolling Stones, Coldplay, Guns N’Roses e Iron Maiden.

“Mudou muito a lista de pedidos”, conta ao g1. “Se a gente voltar lá nos anos 80, era muito rock and roll. Tinha muito pedido de junk food, hambúrguer e muita bebida alcóolica, eram outros tempos, eram mais loucos.”

“Lembro de um Rock in Rio, em que eu entrei no camarim e estava cheio de presunto na parede. Sabe aquelas bandas que tocam o terror? Eram muito jovens”, diverte-se. Ela garante que hoje essa banda já está mais velha e os integrantes são verdadeiros “gentlemen”, super educados.

Quem nesta edição chegou a causar uma apreensão na produtora foi o Måneskin, banda novata e que estreia no festival e abre para o Guns.

“Não sei como eles são pessoalmente no camarim, mas pelos vídeos que a gente vê, eles são meio louquinhos. Mas assim, louquinhos-saudáveis, porque na lista deles não apareceu nada de absurdo, nem rock and roll.”

Ingrid diz que aumentou o número de pessoas que pedem comidas veganas como opção de cardápio. “Antigamente, em uma equipe de 200 pessoas, por exemplo, ia aparecer um vegano. Hoje, numa equipe assim, já são 20.”

Para atender essa turma, neste ano, ela conta que o esquema será de “take away”: no catering, a pessoa se identifica e recebe sua quentinha vegana para levar.

O Green Day, por sua vez, pediu que ninguém fume perto dos integrantes da banda e da equipe. Aliás, a regra é não fumar na área dos camarins. “Quem quiser, vai ter que fumar lá fora, porque a gente não sabe quem pode se incomodar.”

Há semelhanças entre os pedidos, o que Ingrid chama de kit camarim: frutas, sanduíches e crudités, aqueles legumes como cenoura e nabo cortados, com molhinhos para beliscar. Por vezes, ainda entram as tábuas de frios e queijos.

As equipes também estão mais cuidadosas ao indicar os alérgicos, com letras garrafais. “Neste Rock in Rio, temos alérgicos a frutos do mar, kiwi e a cebola e alho”, conta.

“Não sabemos quem são essas pessoas, mas pedi para identificar quem é alérgico a cebola e alho, porque vai ter que ter um prato preparado especialmente para ela totalmente sem tempero. Como é que no Brasil a pessoa vai comer alguma coisa sem cebola e sem alho?”, pergunta.

O corre dos bastidores

O trabalho de Ingrid começa assim que é assinado o contrato com a banda. Ela e um gerente de produção do artista ficam em contato e é enviado a ela o rider (lê-se raider), uma lista com os pedidos de como deve ser e o que deve ter nesse camarim.

“Aí, a gente vai negociando: às vezes eles pedem 13 camarins, mas eu não tenho tudo isso, só tenho sete. Águas Fiji, a gente não tem aqui, não adianta pedir”, afirma.

E então, começa as danças das cadeiras, como ela chama, para acomodar todo mundo, já que os artistas viajam com equipes que podem chegar a 200 pessoas na produção.

A produção de Dua Lipa pediu uma mesa de pingue-pongue, e Post Malone havia pedido uma de beerpongue. “Ela é mais estreita e mais comprida que a de pingue-pongue. Mandei as medidas e as fotos das mesas que eu tinha aqui e a brincadeira vai ser feita em uma mesa de bufê”, afirma.

As bandas também costumam viajar com os próprios chefs, como é o caso deste ano do Coldplay e do Green Day. “Nós montamos aqui uma cozinha para eles. Esta não é tão grande, mas serve bem.”

A equipe de produção de Ingrid trabalha 24 horas por dia durante o Rock in Rio. São dez pessoas fixas, e ainda seguranças, carregadores e a equipe de limpeza, divididos em três turnos. “Quando o festival começa, já alivia um pouco porque eu sei que tudo que foi pedido, está comprado e chegou.”

Aí o trabalho durante o festival é a tal dança das cadeiras: sai um artista, desmonta todo o camarim e começa a montar outro de acordo com o gosto da banda seguinte. A sala de massagem do Iron Maiden vira a área do baterista de outra banda, o vestiário é o camarim do grupo, tira cadeira, coloca cadeira, e por aí vai.”

E se não tiver ou faltar alguma coisa? “Durante todos esses anos, eu aprendi a trabalhar com a sinceridade: não tem, so sorry“, diz. E como lidar quando dá errado, o artista e a equipe reclamam além da conta? “Aí é muita calma nessa hora e eu tenho um mantra: ‘ele vai embora amanhã’.”

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