Registro de armas tem alta de 518% em AL e outros Estados do Nordeste
O número de armas registradas nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores, conhecidas como CACs, cresceu 35% na Região Militar que abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Segundo dados do Exército do Brasil, o aumento foi apontado do ano passado (janeiro a novembro) para julho de 2022. As informações foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação pelos institutos Igarapé e Sou da Paz, e divulgadas pelo g1 com exclusividade, na quarta-feira (31).
De acordo com os dados, entre os meses de janeiro e novembro de 2021, os estados, juntos, registraram 29.213 armas. Esse número passou para 39.657 já em julho deste ano. O aumento é de mais de 35%. Se comparada a atual realidade com o ano de 2017, quando foram registradas 6.411 armas, o aumento é de 518%.
No ano de 2018, o número de armas nas mãos dos CACs nesta Região Militar foi de 7.937; em 2019: 10.855; 2020: 16.711. Nos últimos três anos (2010 a 2022), o aumento foi de 137%. Em todo o Brasil, o número de armas atingiu a marca de 1 milhão de registros. Os dados mostram que o número de armas nas mãos dos CACs quase triplicou desde dezembro de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Desde então, o acervo desta categoria teve um aumento da ordem de 187% em todo o país.
O número de armas passou de 350,6 mil e chegou a 1.006.725 em julho deste ano. Esse arsenal de 1 milhão de armas está, de acordo com os registros militares, nas mãos de 673,8 mil CACs, que podem adquirir de revólveres a fuzis de repetição. As pessoas que têm registro como atiradores, por exemplo, têm o direito de possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, como fuzis. Os caçadores podem ter até 15 armas com alto poder de fogo. Não há limite de armamento para colecionadores.
MAIS SEGUROS
O corretor de imóveis Júnior Alves conseguiu o registro da arma há cinco meses. Ele garante que adquiriu o armamento por questão de segurança e por gostar do esporte. “Quando decidi ter minha arma, passei por todos os procedimentos necessários para obter o porte e também a arma. Fiz isso para que eu possa manter a minha casa segura e por gostar do esporte também. Assim me sinto bem mais seguro, Graças a Deus nunca precisei usá-la, mas não vou hesitar, caso precise”, afirmou.
O esporte ao qual o corretor se refere é praticado no Clube de Tiro. O processo para adquirir o Certificado de Registro é burocrático e demorado, revela. O interessado deve realizar exames psicológicos e psicotécnicos e também o exame de tiro para aprender a manusear o equipamento. “No meu caso, o processo para obter o CR demorou dois meses. Tive que apresentar toda minha documentação, além de passar por todos os exames obrigatórios. É preciso apresentar o nada consta”.
DEMANDA DE TEMPO
“Para comprar a arma é outra história. Depois que a gente compra, não podemos estar com ela até pegar o Certificado de Registro de Arma de Fogo (CRAF), que é como um RG da arma, onde consta o calibre, modelo, numeração e os dados do portador. O meu levou quatro meses para sair”, explica. Além disso, os CACs precisam ter o porte de trânsito para transportar o armamento. Para o transporte é necessário portar: CR, CRAF e Guia de Trânsito. “Mas, só podemos andar com ela pronta para uso quando vamos aos estandes de tiro ou em competições”, alerta.
Vale lembrar que a Câmara de Vereadores de Maceió promulgou a Lei Lei 7.236 que regulamenta clubes de tiros, estandes de tiros e lojas de materiais bélicos. A medida foi proposta pelo vereador Delegado Fábio Costa (PP) e pelo presidente do Legislativo, Galba Neto (MDB), e garante o funcionamento destes empreendimentos.
A partir de agora, estes espaços podem ter o alvará para funcionar concedido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (SEDET). O órgão estava impedido de conceder a permissão por ausência de uma legislação específica.
*Gazeta web