Candidato de Arthur Lira ao governo de Alagoas não apoia reeleição de Bolsonaro

O presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (PP), tem participado ativamente dos bastidores políticos para as eleições em Alagoas, mas uma divergência local o coloca em lados opostos quanto à disputa presidencial. É que, embora seu partido tenha firmado aliança com o PL, pelo qual o presidente Jair Bolsonaro tentará se reeleger em outubro, o candidato de Lira a governador é Rodrigo Cunha (União Brasil), que não apoia a reeleição de Bolsonaro.

O União Brasil tinha como pré-candidato à presidência da República Luciano Bivar, que desistiu da disputa e lançou a senadora Soraya Thronicke durante convenção do partido em Pernambuco, neste domingo (31). Cunha já declarou em outras ocasiões que apoia o candidato do seu partido à presidência.

O candidato de Lira ao governo de Alagoas tem um passado familiar na política. Sua mãe, Ceci Cunha, foi assassinada em dezembro de 1998, no dia em que foi diplomada deputada federal. O mandante do crime foi Talvane Albuquerque, que na época era suplente de Ceci. Ele chegou a ser empossado, mas foi cassado em abril de 1999 por 427 votos a favor. 28 deputado votaram contra a cassação, entre eles Jair Bolsonaro. Talvane foi condenado a 103 anos de prisão.

Resta a Arthur Lira incluir Bolsonaro em sua própria campanha à reeleição para deputado federal, mas até o momento isso não tem acontecido. Recentemente foi ao ar um vídeo publicitário que citava os feitos de Lira no Congresso Nacional, mas sem qualquer menção a Bolsonaro. Nem mesmo as cores verde e amarela entraram no vídeo, que priorizou a paleta de cores da bandeira de Alagoas (azul, branca e vermelha).

O distanciamento do presidente Jair Bolsonaro se repete no Piauí, onde o presidente nacional do PP, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, aposta em palanque duplo para derrotar o PT na disputa pelo governo do estado. Nogueira chegou a entrar na Justiça Eleitoral piauiense para impedir a circulação de uma montagem com a imagem de pré-candidatos apoiados pelo partido no Piauí ao lado do presidente Bolsonaro.

Lira não chegou a mobilizar a Justiça para garantir o distanciamento do Bolsonaro, mas, em suas declarações públicas, tem sido cauteloso ao mencionar o presidente. Em seu perfil no Twitter, a última menção a Bolsonaro ocorreu em 21 de janeiro deste ano, por conta da morte da mãe do presidente. Antes disso, somente em outubro de 2021. Diferentemente de Bolsonaro, que tem elogiado em qualquer oportunidade o papel de Lira como presidente da Câmara.

Até então, o único palanque de Bolsonaro em Alagoas é o do senador Fernando Collor de Mello (PTB), pré-candidato a governador que faz questão de ligar sua imagem ao presidente da República.

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