Testemunhas relatam à polícia ciúme exagerado de homem que matou companheira no Antares, em Maceió

Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil no caso da advogada assassinada a facadas pelo marido no Antares, Maceió, relataram que Alison José Bezerra da Silva, preso pelo crime, tinha ciúme exagerado da esposa. Segundo informou o delegado Rodrigo Sarmento nesta segunda-feira (25), a investigação apontou que ele chegou a colocar rastreador no carro da vítima e a clonar seu celular.

“Ele controlava a vida dela de diversas formas, através de câmera IP e de rastreador no veículo dela, como foi dito pela testemunha hoje, que ele já havia colocado rastreador no veículo dela e também já teria clonado o celular da vítima. Por conta desse ciúme, nessa data ele veio a esfaquear a esposa”, disse o delegado que investiga o crime.

A advogada Maria Aparecida foi a terceira vítima de feminícidio em Alagoas em apenas uma semana. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL) mostra que 15 casos de feminicídio foram registrados no estado nos seis primeiros meses de 2022.

Alison José Bezerra da Silva está internado no Hospital Geral do Estado (HGE). Ele deve ser ouvido pela polícia nesta terça. Mesmo internado, a Justiça decretou a prisão preventiva dele.

Advogada Maria Aparecida Bezerra da Silva foi morta a facadas pelo marido em Maceió, Alagoas — Foto: Redes sociais

Advogada Maria Aparecida Bezerra da Silva foi morta a facadas pelo marido em Maceió, Alagoas — Foto: Redes sociais

Para para discutir medidas de enfrentamento à violência contra a mulher em Alagoas, a Comissão Especial da Mulher, da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) reuniu representantes do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), da Casa da Mulher Alagoana, da Segurança Pública estadual e municipal, da Secretaria de Estado da Mulher e do Ministério Público Estadual (MP-AL).

Além dos casos de feminicídio, foi discutido o aumento da violência doméstica. A OAB vai fazer ações de conscientização com crianças e adolescentes de escolas públicas.

“Afinal de contas, o feminicídio é o último estágio de uma violência que começa muito antes, com agressões psicológicas, morais e verbais dentro de casa. As crianças crescem num meio achando aquilo normal, então é preciso que a gente vá até as escolas públicas para educar, conscientizar e tentar diminuir cada vez mais esse mal que assola a sociedade. E nós, homens, temos que assumir um papel pró-ativo, entendendo que, ao cultivarmos resquícios de comportamentos machistas e autoritários, contribuímos, de certa forma, para que isso venha a se espalhar e crimes como esses aconteçam. Esse debate não é só das mulheres, mas envolve a todos nós, enquanto cidadãos”, afirmou o presidente da OAB–AL, Vanger Paes.

Medida protetiva

Segundo dados do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), mais de 800 medidas protetivas foram decretadas em Alagoas até junho.

A comandante da Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar, coronel Danielli Assunção, afirmou que a fiscalização do cumprimento de medidas protetivas vai aumentar. Segundo a comandante, novos canais de denúncia sobre violência doméstica estarão disponíveis ainda nesta semana.

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