Após cheia, cenário é de destruição em São José da Laje, AL; nível do Rio Mundaú continua alto

Após a enchente que inundou o centro de São José da Laje, no interior de Alagoas, o cenário na cidade é de destruição. A água baixou e deixou muita lama, lixo e entulho. Nesta terça-feira (5), moradores tentavam limpar a sujeira das casas e recuperar objetos perdidos. Embora a chuva tenha dado uma trégua, o nível do Rio Mundaú ainda requer atenção, segundo a Defesa Civil Municipal.

“Nós fazíamos as medições do nível do rio através de réguas que ficavam dentro do rio, mas com a cheia a régua afundou e a gente não consegue precisar o nível em que o rio se encontra. Mas podemos dizer que está em nível elevado e acredito que pelo volume de água que a gente está vendo, ele permanece em cota de alerta, não mais em cota de transbordamento no momento”, explicou Higo Fernando, coordenador da Defesa Civil municipal.

A lama deixada pelo rio ficou acumulada nas ruas, praça e invadiu as casas dos moradores que ficam próximo ao leito. 689 pessoas ficaram desabrigadas na cidade e 3.194 estão desalojadas. Em todo o estado há mais de 56 mil pessoas afetadas.

O trabalho de limpeza começou logo cedo. A apreensão das famílias atingidas é de que volte a chover.

“Desde as cinco da manhã nós estamos aí tentando. Tem só lama aí, lama e prejuízo, mas graças a Deus não morreu ninguém. Muita lama e bagunça lá dentro. Perdi móveis, perdi tudo”, disse o morador Rosenildo.

Lama invade ruas e casas em São José da Laje após cheia do Rio Mundaú  — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Lama invade ruas e casas em São José da Laje após cheia do Rio Mundaú — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Em algumas casas a marca deixada nas paredes indicam que a água chegou a dois metros acima do leito do rio. A estrutura montada na praça principal para os festejos juninos foi destruída. O banco da praça ficou praticamente debaixo da lama. Um trator que estava parado no local no momento que o rio encheu, foi arrastado. Árvores foram arrancadas.

Anatoli é morador antigo da cidade e disse que está assustado com a situação e que a cheia tomou uma proporção maior que a ocorrida há 12 anos.

“Eu presenciei a enchente de 2010, que foi uma grande devastação, mas essa foi superior. Em 2010 chegou quase nesse nível, mas com essa destruição, não”, relembrou.

O morador contou ainda que a enchente aconteceu durante o dia, não pegando as pessoas de surpresa. “A sorte do nosso povo é que a água chegou durante o dia, aproximadamente 10 horas da manhã. Foi quando veio aquele volume de água causando essa destruição, mas as pessoas ainda puderam abandonar as coisas e saírem de suas residências”.

Cenário em São José da Laje, AL, é de destruição — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Cenário em São José da Laje, AL, é de destruição — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Segundo o boletim da Defesa Civil divulgado na tarde de segunda-feira (4), o estado já soma seis mortes por causa dos temporais, mas nenhuma delas aconteceu em São José da Laje.

Na cidade, três povoados que ficam na zona rural ficaram com acesso comprometido. Cerca de 70 famílias estão ilhadas. Mantimentos e água estão sendo levados com a ajuda do Corpo de Bombeiros. Eles também estão sem sinal de telefonia móvel e só conseguem se comunicar através de aplicativo de mensagem.

A chuva que atingiu o estado nos últimos dois meses superou o esperado para o ano inteiro, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Smarh). Diversos rios transbordaram no interior e o volume de água fez transbordar também a Lagoa Manguaba em Maceió, provocando alagamento em diversos bairros.

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