Superintendente da PF em Alagoas é exonerado após denúncia de ingerência na instituição
Foi exonerado nesta sexta-feira (20) o superintende da Polícia Federal em Alagoas, o delegado Sandro Luiz do Valle Pereira. A exoneração ocorre semanas após a “Folha de S.Paulo” denunciar que a substituição dele, definida anteriormente pelo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, tinha sido barrada pelo Ministério da Justiça. Não foi nomeado um novo superintendente.
A denúncia gerou uma crise interna e fez com que representantes da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) se reunissem com a categoria em Alagoas para discutir o assunto. Uma nota pública emitida pela Associação classificava como grave a suspeita de ingerência.
A ADPF chegou a enviar ofício ao diretor-geral da Polícia Federal, juntamente com a ata da reunião realizada com os delegados da Superintendência de Alagoas, solicitando providências urgentes.
“A situação relatada pela imprensa em que, supostamente, o Diretor-Geral da PF se vê impossibilitado de realizar a troca na cadeia de comando da Polícia Federal em Alagoas, se confirmada, é fato gravíssimo e inaceitável, demonstrando grave ingerência externa nas atribuições operacionais inerentes à direção do órgão”, diz a nota.
Para a associação, a possível ingerência sobre a decisão do diretor-geral ameaçava a autonomia de gestão de Márcio Nunes e as prerrogativas dos delegados federais, fazendo-se necessária a “criação de instrumentos legais que possam proteger a atuação da Polícia Federal”.
Oficialmente, a exoneração publicada no Diário Oficial da União diz que a saída de Valle Pereira foi “a pedido”. Ele tomou posse do cargo de superintendente da Polícia Federal em Alagoas em agosto de 2021. A nomeação dele foi anunciada em maio do mesmo ano, mas a cerimônia de posse só aconteceu mais de dois meses depois.
A posse de Valle Pereira contou com a presença de diversas autoridades, civis e militares, de Alagoas e nacionais, a exemplo do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, que é alagoano, e do ex diretor-geral da PF, Paulo Gustavo Maiurino, que ficou no cargo até fevereiro deste ano.