Dia Internacional dos Museus: veja cinco patrimônios culturais do país

Um espaço que conta uma história, sem forma definida. Segundo o levantamento Museu em Números, de 2010, o Brasil conta com 3.025 unidades museológicas instaladas, que refletem a diversidade a partir de matrizes históricas, políticas, econômicas, sociais e culturais. Hoje (18/5), comemora-se o Dia Internacional dos Museus.

A seleção inclui lembranças vivas das tradições, nas principais cidades nacionais. Assim, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife não ficam de fora e trazem ambientes como Museu do Amanhã, Pinacoteca e Instituto Ricardo Brennand. Cada um revelando peculiaridades; um contraste entre o moderno e o que já foi determinado lugar.

Importância

Museus guardam mudanças e progresso, sem uma visão pré-estabelecida. De acordo com a museóloga e membro ativo do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Bianca Werneck, os espaços trazem ao público formas de interpretação e sentimentos. “Os museus propõem uma vivência planejada para que as pessoas se sintam representadas, aprendendo sobre as próprias histórias. Isso ajuda a nos moldar como sociedade”, explica.

Para a profissional, o que mais a encanta diante das experiências em museus é a capacidade de percepção, a reação do público diante da obra. Afinal, a expografia se modifica para se adaptar a cada local, a fim de dialogar com a população. Segundo a museologista, uma mesma exposição se comporta diferente quando em Londres e, depois, em Brasília (DF), por exemplo.

Entre os momentos que mais a marcaram, há um exemplo de dinamicidade. “No Museu do Levante (Warsaw Uprising Museum), na Varsóvia, Polônia, participei de uma exposição sobre a história de quando a cidade foi posta ao chão durante uma guerra. Tudo no lugar estava integrado, com artefatos históricos originais. Parecia que eu estava no local de ataque”, relembra.

Função

Não faz sentido um museu existir se ele não dialogar com a população, segundo Bianca Werneck. O espaço serve para que os visitantes entendam a representação das próprias histórias, seja de modo particular, com uma arte que diz respeito à cultura local, seja de modo mundial, com objetos que representam o avanço humano.

De acordo com o ICOM, os museus precisam de três áreas para existir: conservação dos objetos, pesquisa histórica e comunicação. “Essa última área é uma das mais importantes, porque, sem ela, o conhecimento fica segregado a grupos específicos”, reitera a museologista.

Mitos e verdades

Museu é lugar de coisa velha. Não, para Bianca, trata-se de um espaço dinâmico que está se adaptando todos os dias. No mês do indígena, por exemplo, diversos museus expuseram o tema, chamando atenção para o debate, que é emergente. Outro exemplo é o Museu do Amanhã (RJ), que discorre sobre o futuro, a partir de inovações tecnológicas.

Espaço para a elite. A museóloga concorda que a origem do museu está relacionada a esse pensamento. Porém, os espaços se modificaram bastante. Hoje, há a “Museologia Social”, cujo objetivo é fazer com que a museologia se integre à população, para que ela se sinta representada, a partir de linguagem acessível e acessibilidade.

“Eu acho que as pessoas não vão ao museu por ter medo de não entender a arte. Mas isso não existe. Você não precisa saber o que o artista estava sentindo no dia ou as cores que ele usou na obra. Isso é trabalho de quem estuda o assunto. O público tem de sentir o que a obra causa. E a percepção é variável, mudando de acordo com vivências e fatores.”

Bianca Werneck, museologista e membro ativo do Conselho Internacional de Museus

Restrito à contemplação. Os museus não existem só para que o público olhe, ache bonito e volte para casa, na visão de Bianca. Os espaços de ciência são bem interativos, com atividades a serem feitas até nas próprias obras, a depender do ambiente. Sendo assim, tudo em um museu colabora para a reflexão.

“Um templo ou palácio”. Existem diversos espaços se reinventando, sobretudo arquitetonicamente. Como exemplo, há museu que, para além da contemplação, ensina como descartar lixo, conhecimento que colabora para a classe trabalhadora que coleta os entulhos. De acordo com a pesquisadora, os espaços fogem das estruturas tradicionais de museus.

Museus

Como sugestão do que fazer no Dia Internacional do Museu, a museóloga recomenda focar no estilo artístico que mais agrade. “A ideia não é ir ao museu X porque ele é famoso, porque talvez ele não contenha a sua arte favorita”, orienta. Além disso, Bianca indica ler um livro, tomar um café e até mesmo fazer as atividades propostas pelo espaço.

  • Museu do Amanhã (RJ): diferente, trata-se de um ambiente de ideias, explorações e perguntas sobre a época de grandes mudanças atuais e os diferentes caminhos que se abrem para o futuro. O Amanhã é uma construção da qual participam todos.
  • Pinacoteca (SP): é um museu de artes visuais, com ênfase na produção brasileira do século 19 até a contemporaneidade. Mais antigo da cidade, foi fundado em 1905 e segue promovendo mostras da renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais.
  • Instituto Ricardo Brennand (PE): é um espaço cultural sem fins lucrativos, inaugurado em 2002, que salvaguarda um acervo artístico e histórico originário da coleção particular do industrial pernambucano Ricardo Coimbra de Almeida Brennand (1927-2020).
  • Instituto Inhotim (MG): é um museu de arte contemporânea e Jardim Botânico, localizado em Brumadinho. Reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) pelo governo de Minas Gerais em 2008, o Inhotim é uma entidade privada, sem fins lucrativos. Idealizado desde a década de 1980, o espaço nasceu do solo ferroso de uma fazenda, em 2006, um dos maiores museus a céu aberto do mundo.
  • Oscar Niemeyer (PR): conhecido como MOM, o lugar é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Paraná, localizado em Curitiba (PR), abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional, com mais de 9 mil obras nas áreas de artes visuais, arquitetura e design. É considerado o maior museu de arte da América Latina, com um espaço de cerca de 35 mil metros quadrados de área construída e mais de 17 mil metros quadrados de área para exposições.

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Data

Criado em 1977, o Dia Internacional dos Museus surgiu por meio da iniciativa do Conselho Internacional de Museus (ICOM), um organismo que integra a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo da data é incentivar a população ao hábito de visitar e apreciar os museus. Afinal, eles são responsáveis por obras artísticas que revelam os mais variados temas e estilos.

Metrópoles

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