Adolescentes são maioria entre as pessoas desaparecidas em Alagoas, aponta levantamento
Um levantamento divulgado nesta terça-feira (17) pela Perícia Científica de Alagoas mostra que, nos últimos quatro anos, foi registrado o desaparecimento de 1.584 pessoas no estado, na maioria adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos. O maior número de registros é de Maceió, seguida por . Arapiraca e Rio Largo.
O estudo foi feito pelo Programa de Identificação e Localização de Desaparecidos (PLID), que integra o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid). Os dados mostram que 61% do total de desaparecimentos não têm motivo aparente.
Desaparecidos em Alagoas entre 2018 e 2022
Sexo
- Feminino – 36,06%
- Masculino – 62,37%
- Indeterminado – 1,57%
Faixa etária
- Crianças até 11 anos – 4,17%
- Entre 12 e 17 anos – 31,25%
- Entre 18 e 24 anos – 15,63%
Localidade (dados da Secretaria da Segurança Pública)
- Maceió – 782 pessoas desaparecidas
- Arapiraca – 147 pessoas desaparecidas
- Rio Largo – 84 pessoas desaparecidas
A Polícia Científica reforça que nos IMLs de Maceió e Arapiraca existem 800 corpos não reclamados, a maioria deles à espera de identificação.
Amostras de material biológico desses corpos foram extraídas para serem inseridos na Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). A ação faz parte da Campanha Nacional de Desaparecidos, que tenta identificar essas vítimas e seus familiares.
O Comitê Gestor Estadual de Política Nacional de Busca por Pessoas Desaparecidas da Secretaria de Segurança Pública esteve reunido para tratar o assunto. No encontro, além da apresentação dos dados atualizados de desaparecimentos ocorridos em Alagoas, foram discutidas ações que serão realizadas no dia 25 de maio, quando se celebra o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
“Esses números são de extrema importância para o desenvolvimento de ações integradas para combater e divulgar casos de desaparecimento no Estado. Nós, que fazemos parte desse grupo, estamos construindo juntos novas políticas públicas para buscar respostas para essas famílias que não perderam a esperança de encontrar o ente desaparecido e que procuram os órgãos oficiais pedindo ajuda”, afirmou o perito médico legista Diogo Nilo, diretor do IML de Maceió.
Ato Vozes do Silêncio
No dia 25 de maio, os integrantes do Comitê vão participar do “Ato Vozes do Silêncio – Onde estão nossas crianças?”. O evento, realizado pelo Instituto Raízes de Áfricas, acontecerá na orla lagunar, a partir das 11 horas, para chamar a atenção para os casos de desaparecimentos de crianças.
“O Vozes do Silêncio é um ato cheio de sons que gritam contra o silêncio acentuado pelo tempo. É para celebrar lembranças das crianças desaparecidas e acolher a memória que segue bem viva no coração das famílias. Um ato de acolhimento para as famílias e uma outra maneira de contar histórias, dessas vidas, que seguem perdidas no mundo”, explicou Arísia Barros, coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas.