Dificuldade com a documentação atrasou processo contra estudante de medicina que ironizou morte de paciente em Alagoas, diz advogada
A advogada da família de Lenilda Nunes, paciente que teve a morte ironizada nas redes sociais pela estudante de medicina Ana Carolina Nobre Leite em fevereiro, disse nesta segunda-feira (28) ao g1 que o Centro Universitário Cesmac não respondeu ao seu pedido sobre o envio da documentação do convênio da estudante com a unidade de saúde de Marechal Deodoro, onde o caso aconteceu. Por isso, quase dois meses depois, a família ainda não conseguiu abrir um processo contra a estudante.
“Eu pedi ao Cesmac a documentação sobre o convênio da estudante com a unidade de saúde, mas eles não me responderam e nem quiseram falar comigo. Vamos mover um processo contra a estudante pela conduta dela, contra a faculdade, que tem responsabilidade sobre ela, e o Município, que tinha um convênio firmado com a universidade”, disse Luciana Omena.
O g1 tenta falar com a estudante de medicina desde que o caso ganhou repercussão, mas somente nesta segunda-feira (28) Ana Carolina atendeu a ligação. Ao ser informada de que se tratava de uma reportagem, ela desligou o telefone. Logo em seguida ela retornou a ligação, fez xingamentos e voltou a desligar.
A advogada disse que só conseguiu a documentação da estudante por meio do Conselho Regional de Medicina (CRM), que também acompanha o caso e investiga se a estudante estava sob supervisão de um profissional formado.
“Como o Cesmac não me deu retorno, eu consegui tudo com o CRM. Além disso, o Município demorou para nos encaminhar o contrato que tinha com a universidade e a estudante. Solicitei em fevereiro e só tive retorno na última sexta-feira [25]. Agora só falta uma ata notorial, com todas as reportagens publicadas sobre o caso para robustecer o processo. Até quarta-feira o processo será aberto”, disse.
O Centro Universitário Cesmac informou que os documentos solicitados pela advogada foram referentes a vida pessoal e acadêmica da estudante, contrariando a Lei Geral de Proteção de Dados, por isso o pedido não foi atendido.
Já a Prefeitura de Marechal Deodoro informou, por nota, que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que “os documentos foram encaminhados no dia 23 de fevereiro de 2022, após a realização de todas as diligências necessárias para atender à solicitação de informações por parte da representante legal da família da paciente” e que “se colocou à disposição das autoridades públicas para elucidação de eventuais dúvidas”.
Cesmac abriu sindicância para apurar atitude da estudante
No dia 16 de fevereiro, o vice-reitor da universidade, professor Douglas Apratto Tenório, disse ao g1 que o conselho recomendou a expulsão da estudante e enviou o parecer para a reitoria da universidade, que determinou a instauração de uma comissão de sindicância para apurar o caso.
A partir daí, a estudante teria um prazo de 30 dias para apresentar sua defesa e dar andamento ao processo. Contudo, até esta segunda-feira (28) não há informações sobre a decisão do Cesmac. Em contato com a reportagem, a assessoria da instituição de ensino disse não ter informações sobre o resultado da sindicância.
Sobre o assunto, o Cesmac disse que o processo ainda tramita e que tudo está dentro dos prazos estabelecidos pela Comissão do Conselho Universitário.
Um dia após a estudante ironizar a morte da paciente nas redes sociais, o Cesmac suspendeu a estudante do 9º período de medicina por seis meses. O contrato de Ana Carolina com a Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão também foi cancelado.
Post nas redes sociais revoltou parentes da paciente
Lenilda Silva Nunes morreu em unidade de saúde em Marechal Deodoro, AL, e teve morte ironizada na internet por estudante de medicina — Foto: Arquivo Pessoal
Lenilda Silva Nunes, 62 anos, morreu após dar entrada na Unidade Mista Dr. José Carlos de Gusmão, em Marechal Deodoro, com dores no peito.
No momento de sua internação, a estudante de medicina reclama da chegada de uma paciente com edema agudo no pulmão bem perto da hora de seu descanso. Ela fez uma foto onde aparece o nome da paciente e os procedimentos realizados.
“Faltando 10 min para minha hora de dormir, chega mulher infartando e com edema agudo de pulmão, e agora já passou 1:30 da minha hora de dormir, tô puta”, postou. Em seguida, ela faz um novo post dizendo que “a mulher morreu e eu não dormi”.
A nora de Lenilda, Aline dos Santos Moreira, contou como foi o atendimento realizado pela estagiária. Com a repercussão do caso, a família buscou assistência jurídica.
“Fizemos todo o protocolo e, depois da triagem, a estudante de medicina pediu para que a gente entrasse na sala. Ela estava com muita cara de sono, calada. Eu fui logo dizendo que ela [dona Lenilda] estava com muita dor no peito. E a estudante de medicina continuou calada, não esboçou nenhuma reação. Em seguida, acredito que ao ouvir os gritos da minha sogra, o médico abriu a porta e já foi dando as devidas providências. Pegou ela e já foi mandando ir para outra sala e pediu para eu me retirar”, relatou Aline.
G1
Internato só no décimo período e não pode assumir plantão ou prescrever.
Tudo errado! Estudante de medicina não pode fazer internato;
Quem foi o médico que se ausentou do plantão e deixou ela com o carimbo? Quem assinou o óbito? O que diz o diretor clínico do hospital? O CRM tou alguma providência com o cara que abandonou o plantão? Para essa doida cabe inclusive um processo por falsidade ideológica e muito, muito mais!