Fotógrafo faz desabafo após filha autista ser expulsa de igreja: “Dói”

Por meio de uma publicação nas redes sociais, o fotógrafo Anderson Marques relatou um episódio de discriminação que a filha autista, de 4 anos, sofreu em uma igreja do Distrito Federal. O caso ocorreu no domingo da semana passada (6/3). “Havia centenas de crianças, mas, naquele momento, a minha filha que é autista, não era bem-vinda”, conta emocionado o pai.

O fotógrafo e a esposa decidiram levar os dois filhos do casal, ambos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), para um Culto da Família, após uma rotina difícil durante a semana. “Buscando uma palavra de consolo, uma luz no fim do túnel, a gente teve a ideia de ir para a igreja. Pensei que não tinha dia melhor para a gente estar lá”, detalha.

Quando chegaram no local, a celebração já havia começado e a família se dirigiu para um espaço na lateral da igreja, onde havia uma porta de vidro que dava acesso ao espaço de eventos e ao palco. Lá, a filha de Anderson, teve uma crise de ansiedade e começou a chorar.

“Em menos de cinco segundos que eu estava tentando acalmá-la, para ela não se machucar também, um membro da igreja apareceu e pediu para nos retirarmos, porque estávamos atrapalhando”, relembra. Ele não quis revelar o nome da igreja e ressaltou que a intenção é somente chamar a atenção para o preconceito.

Segundo o pai da menina, ele explicou para o homem que a filha estava em crise e que ela tinha autismo. Porém, o funcionário ignorou a informação e fechou a porta de vidro, que dava acesso a igreja, para que a família não entrasse. “Ele não se dispôs a ajudar e também não nos direcionou para outro espaço da igreja. Espero que o que aconteceu conosco sirva de exemplo para que isso não se repita”, relata.

Diante da repercussão do vídeo, o líder da igreja tomou conhecimento do episódio e chegou a entrar em contato com o fotógrafo por meio de uma psicóloga. “Ela pediu desculpas pela situação e que eles iriam realizar ações para ter mais inclusão no espaço”, conta.

O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por manifestações comportamentaisdéficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

“A Luísa, com 4 anos, não fala. Ainda usa fraldas, não sabe dar funcionalidade as coisas e é totalmente dependendo de nós. Só quem convive com pessoas autistas sabe como a nossa rotina não é nada fácil. Ela usa medicamentos para a ansiedade, para tentar dormir, que custam milhares de reais por mês. Damos todo o suporte possível”, explica.

Até o momento, não há remédios específicos para tratar o autismo, embora esta seja uma prioridade das pesquisas, com diferentes medicamentos em teste. Em linhas gerais, o tratamento associa diferentes terapias para testar e melhorar as habilidades sociais, comunicativas, adaptativas e organizacionais.

Frequentemente, as terapias são combinadas com remédios para tratar condições associadas, como insônia, hiperatividade, agressividade, falta de atenção, ansiedade, depressão e comportamentos repetitivos.

“O meu vídeo, além de ser um desabafo, foi uma forma de alerta não só para a igreja, mas para a sociedade como um todo. Os autistas não precisam se adequar ao mundo. Somos nós que deveríamos buscar entender, respeitar e acolher qualquer criança com deficiência”, ressalta Anderson.

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